Legenda aliada pode ser mais um fator a inclinar o novo governo para políticas de centro, em contraste com esquerdismo de setores do PT É a primeira vez, desde a redemocratização do país, que o PMDB chega à Presidência da República pela via do voto direto, ainda que na condição de sócio secundário, ocupando a vice na chapa encabeçada por Dilma Rousseff.
É cedo para saber se esse fato terá maiores implicações -se irá, por exemplo, contribuir para que o partido comece a superar os limites da acomodação fisiológica das últimas décadas, procurando se colocar no cenário político como uma força mais propositiva.
Tornou-se lugar-comum apontar o PMDB como a legenda que melhor exprime os vícios e ambivalências da política brasileira. Organizado em feudos, como uma confederação de interesses de caciques regionais, o partido, desde o governo de José Sarney, tem administrado em seu benefício o fato de estar ao mesmo tempo no governo e na oposição.
A falta de identidade programática está ligada, de um lado, ao fim do regime militar, e, de outro, ao esgotamento do ciclo nacional-desenvolvimentista, situações que deixaram a sigla sem adversário visível e com a agenda defasada. Esvaziado pela dissidência tucana e atropelado pela abertura liberalizante iniciada pelo presidente Fernando Collor, o PMDB sobreviveu pelo seu gigantismo, tornando-se peça indispensável à "governabilidade", ainda que acéfalo, sem ideias ou ideais.
A figura de Michel Temer exprime muito bem a face pragmática da agremiação. Lembre-se que em 2006 o partido não lançou candidato próprio e cindiu-se no segundo turno. O atual vice de Dilma Rousseff apoiou, então, contra a reeleição de Lula, a candidatura do tucano Geraldo Alckmin.
Agora, convertido ao lulismo, o presidente do PMDB procura, ironicamente, revestir sua nova função de uma importância que não costuma ter. O vice-presidente desempenha quase sempre um papel ornamental, sem prejuízo de que seu ocupante venha a adquirir subitamente grande importância, como aconteceu com Sarney, após a morte de Tancredo Neves, em 1985, e com Itamar Franco, depois do impeachment de Collor, em 1992 -para mencionar os exemplos menos distantes.
Inicialmente deixado de lado na equipe de transição, Temer logo demonstrou que pretende ser um dos protagonistas da articulação política do governo, sobretudo na sua relação com o Congresso Nacional.
Não é preciso nem idealizar a natureza peemedebista, nem maquiar as razões fisiológicas da sua aliança com o PT, para reconhecer que, desta vez, o partido estabeleceu um vínculo mais orgânico e menos tático com o poder.
Seria pueril a tentativa de pespegar no PMDB o rótulo de "lado mau" da aliança, só voltado para a ocupação de cargos no primeiro escalão do governo -como se o PT não estivesse movido pelos mesmos interesses do aliado.
É futurologia tentar saber agora que perfil político terminará por ter o governo de Dilma Rousseff. Pode-se, não obstante, acreditar que a presença peemedebista será um fator a mais a incliná-lo para posições de centro, em contraste com a agenda ideológica de setores petistas.
É cedo para saber se esse fato terá maiores implicações -se irá, por exemplo, contribuir para que o partido comece a superar os limites da acomodação fisiológica das últimas décadas, procurando se colocar no cenário político como uma força mais propositiva.
Tornou-se lugar-comum apontar o PMDB como a legenda que melhor exprime os vícios e ambivalências da política brasileira. Organizado em feudos, como uma confederação de interesses de caciques regionais, o partido, desde o governo de José Sarney, tem administrado em seu benefício o fato de estar ao mesmo tempo no governo e na oposição.
A falta de identidade programática está ligada, de um lado, ao fim do regime militar, e, de outro, ao esgotamento do ciclo nacional-desenvolvimentista, situações que deixaram a sigla sem adversário visível e com a agenda defasada. Esvaziado pela dissidência tucana e atropelado pela abertura liberalizante iniciada pelo presidente Fernando Collor, o PMDB sobreviveu pelo seu gigantismo, tornando-se peça indispensável à "governabilidade", ainda que acéfalo, sem ideias ou ideais.
A figura de Michel Temer exprime muito bem a face pragmática da agremiação. Lembre-se que em 2006 o partido não lançou candidato próprio e cindiu-se no segundo turno. O atual vice de Dilma Rousseff apoiou, então, contra a reeleição de Lula, a candidatura do tucano Geraldo Alckmin.
Agora, convertido ao lulismo, o presidente do PMDB procura, ironicamente, revestir sua nova função de uma importância que não costuma ter. O vice-presidente desempenha quase sempre um papel ornamental, sem prejuízo de que seu ocupante venha a adquirir subitamente grande importância, como aconteceu com Sarney, após a morte de Tancredo Neves, em 1985, e com Itamar Franco, depois do impeachment de Collor, em 1992 -para mencionar os exemplos menos distantes.
Inicialmente deixado de lado na equipe de transição, Temer logo demonstrou que pretende ser um dos protagonistas da articulação política do governo, sobretudo na sua relação com o Congresso Nacional.
Não é preciso nem idealizar a natureza peemedebista, nem maquiar as razões fisiológicas da sua aliança com o PT, para reconhecer que, desta vez, o partido estabeleceu um vínculo mais orgânico e menos tático com o poder.
Seria pueril a tentativa de pespegar no PMDB o rótulo de "lado mau" da aliança, só voltado para a ocupação de cargos no primeiro escalão do governo -como se o PT não estivesse movido pelos mesmos interesses do aliado.
É futurologia tentar saber agora que perfil político terminará por ter o governo de Dilma Rousseff. Pode-se, não obstante, acreditar que a presença peemedebista será um fator a mais a incliná-lo para posições de centro, em contraste com a agenda ideológica de setores petistas.
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