Em convenção, Serra diz que debandada de tucanos é "normal" e que nova sigla de Kassab não será "inimiga"
Dividido, PSDB encerra encontro estadual sem eleger novos dirigentes em SP; votação é adiada para a próxima quinta
Bernardo Mello Franco
SÃO PAULO - Num discurso com tom acima do usual, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) ligou a criação do PSD, do prefeito paulistano Gilberto Kassab, a uma ação para "dizimar a oposição" no país.
Ele protestou contra o esvaziamento das siglas oposicionistas em convenção tucana ontem, em São Paulo.
Minutos antes, o ex-governador José Serra, aliado de Kassab, disse que a saída de tucanos para a nova legenda é "normal" e que o PSD não será "inimigo" do PSDB.
Sem citar a sigla de Kassab, Alckmin culpou sua criação pelo enfraquecimento de PSDB, DEM e PPS, partidos que mais têm sofrido com a debandada de filiados.
"Ainda querem nos responsabilizar pela crise na oposição. É inacreditável. [Há] uma ação para dizimar as oposições. Destruir o DEM, enfraquecer o PPS, enfraquecer o PSDB onde ele é mais forte, em São Paulo."
O governador atacou a suposta inconsistência ideológica do PSD -que Kassab já disse não ser de direita, de esquerda ou de centro.
"Partido é como religião. Não tem religião sem fé. Não tem partido sem idealismo."
Ele ainda ironizou a aproximação entre os ex-oposicionistas da nova sigla e o governo Dilma Rousseff.
"Não é fácil fazer oposição num país onde a política é governista e se faz embaixo, sob o aparelho de Estado, como carrapato grudado na máquina pública."
Em entrevista, Serra afirmou, pouco antes, que a saída de seis vereadores do PSDB ligados a Kassab foi um "episódio localizado".
"Isso é normal na vida partidária. Às vezes, há desentendimentos com desenlaces indesejáveis. Mas não afeta o partido como um todo."
Sobre a nova sigla, disse: "O PSD não é inimigo do PSDB. Saíram para fazer seu partido, mas isso não significa que sejam contra o PSDB."
Questionado se teria aconselhado algum dos dissidentes, não quis responder.
À plateia tucana Serra afirmou que o PSDB deve "honrar os votos" que ele recebeu na eleição presidencial e endurecer com Dilma.
"Muita gente [está] reclamando do partido no Brasil inteiro. Tem esse problema."
IMPASSE
A divisão do partido fez naufragar a convenção que elegeria ontem a nova cúpula tucana em São Paulo.
A votação foi adiada para quinta-feira por falta de acordo sobre o novo secretário-geral da sigla. Disputam o cargo o deputado federal Vaz de Lima, ligado a Serra, e César Gontijo, aliado do secretário José Aníbal (Energia).
Serra e Aníbal são cotados para disputar a prefeitura pelo PSDB em 2012.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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