Novo comandante da corporação no RJ diz que rebelados que invadiram quartel dependem agora da Justiça Militar
Impasse entre o governo estadual e os bombeiros continua; Defensoria diz que vai pedir hoje a libertação dos presos
Marco Antonio Martins, Rodrigo Rötzsch e Fábio Grellet
RIO - O novo comandante do Corpo de Bombeiros do Rio, coronel Sérgio Simões, disse ontem que a soltura dos 439 bombeiros presos por invadirem o quartel da corporação na sexta-feira é inegociável.
Simões se colocou como único interlocutor do governo com os manifestantes.
Em entrevista à TV Globo, ele afirmou que o futuro dos bombeiros presos depende agora da Justiça Militar. "O governo não pode fazer essa interferência", afirmou.
Dois dias após a prisão dos bombeiros, que reivindicam melhores salários e condições de trabalho, o impasse com o governo continuou.
O secretário-chefe da Casa Civil do governo Sérgio Cabral (PMDB), Régis Fichtner, disse que a invasão fecha qualquer canal de diálogo.
A Defensoria Pública afirmou que vai apresentar hoje à Justiça Militar o pedido de libertação dos bombeiros.
"Até hoje [ontem], a PM não comunicou a prisão à Defensoria nem à Justiça. Se amanhã [hoje] esse comunicado não for feito, vamos pedir o relaxamento de prisão. Se as prisões forem informadas, a medida será a liberdade provisória", disse o defensor Nilson Bruno Filho.
A Auditoria Militar, no entanto, não havia sido notificada das prisões.
Num processo independente, a juíza Clarice de Matta e Fortes negou pedido de habeas corpus de nove líderes dos bombeiros. "Os atores eram, espantosamente, bombeiros militares enfurecidos, ensandecidos, buscando com força bruta alcançar intentos que consideravam justos", afirmou a juíza.
MANIFESTAÇÕES
Ontem, centenas de manifestantes permaneceram em frente à Assembleia Legislativa em apoio aos bombeiros. Eles distribuíram um cartaz em que Cabral era caracterizado com o bigode e o penteado de Adolf Hitler.
No sábado, o governador chamou os bombeiros rebelados de "vândalos".
Também houve pequenos protestos, organizados por bombeiros, espalhados por outros bairros da cidade.
Nos quartéis, plantonistas informam que o efetivo está reduzido, mas, segundo a corporação, o atendimento à população não foi afetado.
O apoio aos manifestantes chegou ao plenário da Assembleia. Seis deputados estaduais pretendem trancar a pauta de votações, a partir de hoje, até que os bombeiros sejam libertados.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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