O novo comandante do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, coronel Sérgio Simões, disse ontem que a soltura dos 439 presos por invadir o quartel da corporação na sexta-feira é inegociável. Simões disse que o futuro dos bombeiros presos depende agora da Justiça Militar.
– O governo não pode fazer essa interferência. É um rito na esfera da Justiça Militar – disse ele.
Três dias após a prisão dos bombeiros que reivindicam melhores salários e condições de trabalho, o impasse com o governo não dá sinais de arrefecimento. O secretário-chefe da Casa Civil do governo Sérgio Cabral, Régis Fichtner, disse que a invasão fecha qualquer canal de diálogo.
O deputado estadual Flávio Bolsonaro (PP) se uniu a cinco deputados da Assembleia Legislativa numa frente que pretende trancar a pauta de votações até que o governo solte os bombeiros. Até o começo da noite de ontem, porém, a Auditoria Militar não havia sido oficialmente notificada das prisões. Só a partir da notificação, a Promotoria poderá decidir se apresenta denúncia contra os bombeiros.
Num processo independente, a juíza Clarice de Matta e Fortes negou pedido de habeas corpus de nove bombeiros detidos. "Os atores eram, espantosamente, bombeiros militares enfurecidos, ensandecidos, buscando com força bruta alcançar intentos que consideravam justos", afirmou a juíza em sua decisão.
Ontem, durante todo o dia, centenas de manifestantes permaneceram em frente à Assembleia pedindo a libertação dos bombeiros presos no sábado. Também houve pequenos protestos espalhados por outros bairros da cidade.
Segundo a corporação, o atendimento à população, porém, não foi afetado. Na tarde de ontem, bombeiros controlaram com sucesso um incêndio no prédio do Juizado Especial Cível, na Gávea (zona sul do Rio).
Entenda o caso
OS BOMBEIROS DO RJ
- Efetivo: 17 mil
- Guarda-vidas: 1 mil
- Salário líquido: R$ 950 (soldados), R$ 8 mil (coronéis)
O QUE REIVINDICAM
- R$ 2 mil líquido
- Vale-transporte
- Melhores condições de trabalho: protetor solar, óculos de sol
O QUE O GOVERNO DO RJ PROPÕE
- Aumento de 1% ao mês, parcelado em 48 vezes, para bombeiros e policiais militares
OS PROTESTOS
- Em abril, a categoria começa a fazer manifestações e caminhadas nas ruas do Rio de Janeiro.
- Por duas vezes, em maio, eles fazem passeatas no Centro, interrompendo o trânsito
- No dia 13 de maio, a Justiça decreta a prisão dos cinco líderes do movimento, acusados de incitamento à prática de crimes militares, como descumprimento de missão. Uma semana depois, são soltos
- Na quinta-feira, 36 salva-vidas são transferidos para o Interior. A medida é vista como retaliação
- Na sexta, os bombeiros saem em caminhada até o Quartel Central dos Bombeiros. Na porta, os policiais do Batalhão de Choque dão passagem aos 3 mil manifestantes
- No sábado, 439 bombeiros são presos pelo Bope e levados para uma unidade da PM
FONTE: ZERO HORA (RS)
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