O procurador-geral arquivou o caso Palocci. É uma decisão que diz mais sobre Roberto Gurgel do que sobre os negócios do ministro. Ou alguém acredita que agora está tudo explicado?
Não se sabe que uso Dilma fará dessa decisão, de resto previsível. Não parece que ela altere o ambiente polítco. É possível que Dilma ainda não tenha demitido Palocci porque não sabe quem pôr no lugar nem como redesenhar o governo.
Uma figura como o ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, o leva e traz, não chega a ser nem mesmo decorativa. Alguém assim só pode funcionar (ou deixar de fazê-lo sem causar problemas) ao lado de um ministro como Palocci, que ocupava os espaços.
Entre as opções disponíveis para a Casa Civil, Paulo Bernardo é o que, em tese, teria mais chances de ser um "Palocci cover", uma versão em aquarela do nosso consultor número 1. Petista convertido ao mercado, tarefeiro, tipão pragmático e responsável, Paulo Bernardo, no entanto, dificilmente faria a função de elo entre Lula e Dilma, desempenhada por Palocci. Ele não é da cota de "confiança pessoal" do ex.
Gilberto Carvalho, pelo contrário, é uma espécie de fantoche de Lula. Sua eventual ida para a Casa Civil seria uma renúncia branca.
Restariam, ainda, as apostas um tanto improváveis em Miriam Belchior (Planejamento) ou Maria da Graça Foster, a técnica da Petrobras amiga da presidente. Nos dois casos, Dilma estaria moldando a Casa Civil à sua imagem, esvaziando-a de sua dimensão política e transferindo o problema hoje mal resolvido para outra esfera do governo.
Com Palocci morto-vivo e nenhuma opção óbvia para substitui-lo, há uma grande interrogação sobre a capacidade de operação política deste governo. Dilma parecia ter afastado de si a imagem de que era tutelada por Lula. No último mês, as evidências de que isso não era verdade foram muito fortes. Veremos como a "presidenta" vai se virar com a crise e com a sombra.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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