PSDB, DEM e PPS pretendem abrir CPI, acionar o Ministério Público e requerer ação da PF para minar o ministro. Líder tucano cobra afastamento imediato
Tiago Pariz
Os partidos de oposição definiram uma ampla estratégia para enfraquecer o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Convocação no Congresso, Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), abertura de investigação pelo Ministério Público Federal, auditoria no Tribunal de Contas da União (TCU) e pedido de inquérito na Polícia Federal são as armas de PSDB, DEM e PPS.
Nascimento se vê envolvido em denúncias de pagamento de propina em obras tocadas pela pasta para engordar o caixa do seu partido, o PR.
O líder do PSDB, Álvaro Dias, disse que o ministro não tem condições de tocar a pasta. "A obrigação é de saber e de ver o que ocorre no ministério. Se não sabe e não vê, não tem condições de ser ministro", afirmou Dias (PR). "Essa tática de transferir responsabilidade não pode prevalecer. A responsabilidade é de quem comanda. Os assessores devem ser condenados se praticaram ilícitos", acrescentou Dias.
PSDB, DEM e PPS entendem que o afastamento dos quatro não pode ser apresentado como solução porque apenas os "coadjuvantes" foram afastados. Os partidos levantam dúvidas sobre a participação do ministro nas denúncias que derrubaram Mauro Barbosa da Silva, chefe de gabinete do ministro; Luís Tito Bonvini, assessor do ministro; Luiz Antonio Pagot, diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit); e José Francisco das Neves, presidente da estatal Valec Engenharia. Eles acreditam que Nascimento, se não estiver envolvido, pecou por leniência.
A estratégia da oposição é tentar a convocação de Nascimento em todas as comissões permanentes da Câmara e do Senado, repetindo o bem-sucedido plano que culminou com a convocação do ex-ministro Antonio Palocci. A primeira tentativa ocorre na Comissão de Infraestrutura do Senado, que tem reunião marcada para quinta-feira.
Comissão amiga
O requerimento assinado por Álvaro Dias e Aloysio Nunes (PSDB-SP) pede a convocação de Nascimento e o convite a Luís Antônio Pagot. A oposição espera ter sucesso porque a Comissão de Infraestrutura é presidida pela senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO). No mesmo dia, estão previstas a sabatina do contador Augusto César Carvalho Barbosa de Souza para o cargo de diretor de Administração e Finanças do Dnit e a votação de sua indicação.
O líder do PSDB na Câmara, Duarte Nogueira, sugeriu requerimentos de investigação pela Polícia Federal e de auditoria especial pelo TCU para analisar todos os contratos celebrados pelo Ministério dos Transportes e deve também apoiar a iniciativa do DEM de coletar assinaturas para uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) disse que a estratégia vai incluir o Senado, para agilizar a criação da CPI.
"Vamos tentar já nestes poucos dias que nos restam antes do recesso buscar as assinaturas e ver em qual Casa vamos conseguir o número mínimo antes", afirmou Caiado. Na PGR, os adversários de Dilma Rousseff querem a responsabilização criminal dos envolvidos no suposto esquema.
O ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, defendeu a investigação a ser feita pelo colega de governo. "O ministro está incumbido de fazer uma investigação rigorosa, assim como a CGU vai fazer e, certamente, tudo que tiver que ser apurado, será apurado", sustentou.
Petrobras também no foco
Além dos Transportes, a oposição quer investigar contratos sem licitação entre a Petrobras e uma empresa do senador Eunício Oliveira (PMDB-CE). O PSDB vai propor um convite ao presidente da estatal, Sérgio Gabrielli, para falar sobre o tema. Os tucanos querem ainda que o TCU abra auditoria. Reportagem de O Estado de S. Paulo indica que a Manchester Serviços firmou contratos de R$ 57 milhões com a estatal sem licitação.
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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