Dono de jatinho usado pelo governador assegura mais R$ 38 milhões sem licitação
RIO - Dois meses após o acidente de helicóptero que levou o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), a ser cobrado por suas relações com o empresário Fernando Cavendish, da construtora Delta, o governo do Estado voltou a fechar contratos sem licitação com a empresa.
Os contratos, no valor de R$ 37,6 milhões, são para obras em que a empresa de Cavendish já trabalhava, de reparos a danos em cidades atingidas pelas chuvas.
A assinatura foi revelada ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo". Os contratos foram publicados na edição de quarta-feira do "Diário Oficial", 60 dias após o acidente que matou sete pessoas que iam à festa de aniversário de Cavendish, na Bahia.
Com esses contratos, chega a R$ 1,3 bilhão o total faturado pela Delta em ações com o governo, segundo levantamento do deputado Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB) feito no Siafem. Desse total, R$ 214 milhões são de contratos emergenciais.
A revelação de laços de amizade entre Cabral e o empreiteiro levou deputados estaduais a aprovar um pedido de explicações ao governador. O pedido, porém, até hoje sequer foi publicado no "Diário Oficial". A publicação é necessária para o início do prazo de 30 dias para que Cabral se explique.
A secretaria da Alerj informou que o documento não foi publicado por orientação do presidente, Paulo Melo (PMDB), que está em viagem e não foi encontrado.
O requerimento, assinado por seis deputados de oposição, foi enviado para a Mesa Diretora ainda em junho.
"Essa publicação é mais ou menos regulamentar, automática. Não estamos perguntando quantos grãos de areia tem no fundo do mar", criticou o deputado Luiz Paulo Correa da Rocha, um dos signatários do requerimento.
A assessoria de comunicação do governador informou que a Secretaria de Obras do Estado "realiza todos os trâmites exigidos e dá a devida transparência aos órgãos competentes de fiscalização e controle".
Segundo a secretaria, os novos contratos foram assinados pela "impossibilidade legal" da prorrogação dos antigos. E são para serviços que, devido à sua "complexidade", não foram terminados no prazo de 180 dias.
A secretaria disse que foram feitos ao todo 18 contratos, fechados também com outras quatro empresas. A Delta informou que "todos os contratos emergenciais estão dentro das normas exigidas".
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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