Com o PT e os aliados divididos sobre a faxina no governo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a ex-senadora Marina Silva decidiram defender a presidente Dilma Rouseff.
FHC quer que o PSDB abandone a articulação pela CPI da Corrupção. Marina defende a adesão no combate à corrupção.
FHC e Marina aderem a faxina de Dilma
Com PT e base divididos, ex-adversários saem em defesa de demissões e pregam "solidariedade" à presidente
Ex-presidente quer que PSDB apoie "limpeza" no governo e deixe de defender CPI; petistas temem dano a Lula
Daniela Lima e Bernardo Mello Franco
SÃO PAULO - Com o PT e os aliados divididos sobre a faxina no governo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e a ex-presidenciável Marina Silva (sem partido) decidiram sair em defesa da presidente Dilma Rousseff.
Os dois, que fizeram oposição à petista nas eleições de 2010, agora pregam solidariedade a ela nas demissões de ministros e servidores acusados de corrupção.
O movimento tem gerado desconforto em alas do PT, que acusam os rivais de empunhar a bandeira da ética com objetivos eleitorais e temem desgaste à imagem do ex-presidente Lula.
Em conversas reservadas, FHC passou a defender que os tucanos manifestem apoio a Dilma e deixem a articulação para criar uma CPI da Corrupção, como antecipou ontem a coluna de Kennedy Alencar na Folha.com.
Ele já expôs a ideia aos governadores Geraldo Alckmin (SP) e Antonio Anastasia (MG). Disse que uma CPI, em vez de fortalecer a oposição, serviria a aliados dispostos a "achacar" o governo.
FHC e Marina não foram localizados ontem, mas aliados relataram suas orientações para apoiar a faxina.
"O PSDB está a favor de todas as ações de combate à corrupção promovidas pela presidente Dilma", disse o presidente da sigla, deputado Sérgio Guerra (PE).
"Mas achamos que as ações ainda são insuficientes, porque não atingem todos os partidos aliados."
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) disse que os tucanos devem avaliar a posição de FHC, embora discorde da ideia de que Dilma promova uma faxina por conta própria. "Lula seria incapaz deste gesto", criticou.
A verde Marina Silva, que deixou o PV no mês passado, também tem orientado aliados a apoiar Dilma na causa.
"Ela está defendendo uma posição de solidariedade a Dilma. Acha que devemos apoiar o governo neste ponto", afirmou o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ).
"Marina acredita que é importante fortalecer a Dilma se a luta contra o fisiologismo for para valer", reforçou Maurício Brusadin, ex-presidente do PV em São Paulo.
A ex-presidenciável tem se aproximado de políticos como o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que propôs uma frente de apoio a Dilma contra a corrupção.
O presidente do PT-SP, Edinho Silva, reconhece o desconforto da sigla, mas defende a presidente. "Dilma está corretíssima. Quem tem uma leitura diferente no partido está errado", disse.
Na segunda-feira, o senador José Pimentel (PT-CE) acusou a oposição de imitar a antiga UDN e ligou a bandeira da faxina ao golpe de 1964.
"Tentaram fazer uma faxina, também com uma vassoura (...), para combater a corrupção", disse. "[Isso] eliminou grande parte da classe política brasileira, jogou-nos num tempo de chumbo."
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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