A presidente Dilma Rousseff afirmou que o governo federal vai continuar a combater os "malfeitos" da máquina pública e ressaltou que a base aliada no Congresso não concorda com a existência de irregularidades na administração. Sua declaração foi dada em meio à inquietação de petistas com o impacto político da ofensiva.
"Onde há corrupção, somos obrigados a tomar providência", afirma Dilma
Apesar da insatisfação do PT, captada nos bastidores, contra a "faxina" nos ministérios por temer que governo Lula seja carimbado de "corrupto", a presidente disse ontem em Rio Preto (interior de SP) que vai continuar a combater os "malfeitos"
Anne Warth
A presidente Dilma Rousseff deu demonstrações ontem de ignorar a inquietação do PT nos bastidores com o impacto político da "faxina" iniciada em julho em ministérios e autarquias federais. Dilma afirmou que o governo federal irá continuar a combater os "malfeitos" na máquina pública e ressaltou que a base aliada no Congresso Nacional também não concorda com a existência de irregularidades na administração federal. Parte do PT, conforme reportagem do Estado publicada ontem, teme que as medidas carimbem o governo Lula como corrupto.
Carlos Chimba
Explicação. Dilma, sobre a "faxina", na entrega de casas em Rio Preto: "Não faço disso um objetivo central do meu governo"
Em entrevista concedida à Rádio Metrópole AM, de São José do Rio Preto (SP), a presidente negou, no entanto, que o objetivo da sua gestão seja apenas combater a corrupção. "Onde houver problemas de corrupção, nós somos obrigados a tomar providências. Eu não faço disso um objetivo central do meu governo", frisou.
"O meu governo vai continuar combatendo todos os malfeitos. Agora, o meu governo e o povo brasileiro também não gostam de injustiça", acrescentou.
A presidente voltou a defender presunção da inocência e destacou que o governo federal respeita os direitos individuais e a dignidade humana. Ela comentou ainda reportagem publicada ontem no site da revista inglesa The Economist, segundo a qual a "faxina" que vem sendo promovida pela presidente na Esplanada dos Ministérios pode lhe trazer problemas no Congresso Nacional.
"O Brasil hoje tem importância suficiente para as revistas estrangeiras ficarem preocupadas conosco. É um ótimo sinal", reagiu, com ironia. "Agora, infelizmente, as revistas estrangeiras não entendem muito os costumes políticos no Brasil."
Lua de mel. A presidente participou ontem, ao lado do governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, da cerimônia de entrega de 1.993 unidades habitacionais do programa federal Minha Casa, Minha Vida no Parque Residencial Nova Esperança. O clima de lua de mel entre a petista e o tucano continua firme.
Na quinta-feira, os dois assinaram convênios para unir a base de dados e o cartão dos programas Minha Casa, Minha Vida e Renda Cidadã. Dilma e Alckmin voaram juntos no avião presidencial para Rio Preto e trocaram gentilezas.
Em mais um esforço para mostrar proximidade com o governo federal, Alckmin anunciou que o governo paulista iria unir esforços com a União e ceder terrenos e verba do Estado para o programa Minha Casa, Minha Vida em Rio Preto.
"Quero dizer à presidenta Dilma Rousseff que vamos somar esforços para o Minha Casa, Minha Vida. Às vezes falta ou há dificuldade de terreno. Então, aqui em Rio Preto, vamos fazer 585 unidades em conjunto, liberando o terreno que é de propriedade do Estado", afirmou.
Dilma retribuiu a gentileza de Alckmin e voltou a defender a união de esforços entre governo federal e estadual em projetos que beneficiem a população. "Nós temos um compromisso com vocês: governar para o bem dessa comunidade de Rio Preto e de todo o Brasil, acima das nossas diferenças partidárias. Na hora da eleição a gente disputa, mas na hora de governar a gente tem de governar olhando o interesse do povo", afirmou.
Protestos. A cerimônia foi marcada por protestos de parte do público contra a Prefeitura de São José do Rio Preto e a Câmara Municipal da cidade.
O motivo era o chamado "pacotão da maldade", por meio do qual a prefeitura criou 230 cargos comissionados e ainda pretende aprovar mais seis vagas na Câmara e um reajuste de 75% para os políticos. Presentes ao evento, os manifestantes gritavam "Vergonha Rio Preto!" e vaiaram durante todo o tempo o prefeito Valdomiro Lopes (PSB) e o presidente da Câmara, Oscarzinho Pimentel (PSB), que ignoraram os protestos.
Logo no início de seu discurso, a presidente fez questão de defender o prefeito. "Peço a vocês que não façam isso. Nós temos de respeitar, é a minha primeira visita a Rio Preto e eu pediria a vocês que tivéssemos uma posição de respeito, lembrando todas as ações que o prefeito Valdomiro Lopes está fazendo aqui nesse condomínio", afirmou, citando como exemplo a construção de creche, escola e unidade básica de saúde.
Fora. Foi a primeira vez em 32 anos que um presidente visitou Rio Preto. Com a presença de tantas autoridades, chamou atenção a ausência do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), natural da cidade. Participaram do evento o presidente da Caixa, Jorge Hereda, e os ministros Mario Negromonte (Cidades) e Helena Chagas (Comunicação Social).
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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