Ministra Ideli Salvatti se reuniu ontem com deputados na tentativa de "harmonizar" a base aliada na Câmara
A maior preocupação do governo é com o PP, já que parte dos deputados da sigla não apoia Mário Negromonte (Cidades)
Maria Clara Cabral
BRASÍLIA - Com insatisfações de todos os tipos na base aliada, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) esteve ontem no Congresso para avisar que o governo não vai aceitar que disputas internas nos partidos interfiram na manutenção de ministros.
Ideli se reuniu com deputado na tentativa de "harmonizar" a base na Câmara. Um dos temores da ministra é que os governistas "insatisfeitos" deem quorum para a instalação de uma CPI da Corrupção que investigaria suspeitas de irregularidades em ministérios do governo.
Em relação aos problemas internos dos partidos, a maior preocupação do governo é com o PP, cuja bancada passa por um racha.
Parte significativa dos deputados da legenda não apoia o ministro Mário Negromonte (Cidades).
O ministro, por outro lado, tem dado entrevistas com ameaças diretas aos aliados descontentes. A falta de apoio interno e a "guerra pública" no PP podem inviabilizar a permanência de Negromonte na pasta.
Outra briga que preocupa é no PMDB. Parte da bancada questiona a liderança de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e o privilégio dado por ele a parlamentares.
A vice-presidente da Câmara, Rose de Freitas (PMDB-ES), chegou a defender até a saída do ministro Pedro Novais (Turismo), apadrinhado por Alves e pelo vice-presidente Michel Temer.
A ministra também atua contra a reação de aliados que dizem que a presidente promove uma "faxina" ao demitir ministros.
"Tem uma determinação clara da presidente: os partidos têm suas independências absolutamente respeitadas pelo governo. Sob qualquer disputa interna não haverá qualquer interferência."
Ideli disse que seu trabalho é buscar harmonia e unidade. "[A determinação é] Nem intervir na disputa interna nem permitir que a disputa afete a manutenção de ministros", afirmou.
A ministra criticou ainda a atitude do líder do PR, Lincoln Portela (MG), de assinar o pedido de CPI, dizendo que isso vai na "contramão" de todos os sinais que o governo vem dando para aproximação com a sigla.
O PR declarou "independência" após a saída de Alfredo Nascimento (Transportes), envolvido em suspeitas.
"Agora temos que ter um pouco mais de paciência. Vão ser mais alguns litros de saliva", afirmou Ideli.
A CPI conta com 123 nomes de deputados e 20 de senadores -são necessários 171 na Câmara e 27 no Senado.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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