Medida anunciada pelo rei Abdullah é uma tentativa de reduzir a pressão popular
Reuters
RIAD - As mulheres da Arábia Saudita poderão votar e se candidatar em eleições pela primeira vez desde que a monarquia al-Saud instalou-se no poder, há 88 anos. A medida foi anunciada ontem pelo rei Abdullah bin Abdulaziz al-Saud e valerá a partir de 2015 - excluindo a votação da próxima semana.
As eleições do reino são apenas para metade dos assentos dos 285 conselhos municipais existentes, tendo pouco resultado prático sobre a forma como o país é governado. A reforma, no entanto, tem um grande efeito simbólico.
Em um discurso breve, o rei anunciou a mudança dizendo que foi tomada com base em uma análise do conselho de clérigos do reino. "Recusamo-nos a marginalizar as mulheres na sociedade nos papéis que estejam de acordo com a sharia (lei islâmica). Decidimos, após deliberações de nossos clérigos, incluir as mulheres em nossos conselhos municipais", anunciou.
A participação política das mulheres é a segunda medida de maior destaque adotada pela monarquia saudita para tentar conter a pressão social causada pelas notícias de que revoltas na região derrubaram tiranias.
Em março, apesar da forte repressão, protestos começaram a ser convocados por sauditas em redes sociais como o Facebook. Em resposta, o rei Abdullah anunciou a liberação de US$ 130 bilhões para investimentos na área social e melhoria de salários e infraestrutura.
A questão feminina é uma das mais negligenciadas no reino. As mulheres são proibidas de dirigir e precisam de autorização de um homem - pai, marido, irmão ou filho - para deixar o país ou mesmo para se submeter a certos procedimentos médicos.
Reação. Aliada da monarquia saudita, a Casa Branca elogiou a reforma anunciada pela nação do Golfo em nota divulgada ontem. "O anúncio feito pelo rei Abdullah representa um importante passo na expansão dos direitos das mulheres na Arábia Saudita", diz o texto.
O governo americano prometeu apoio ao rei Abdullah e ao povo saudita na adoção da reforma eleitoral. "As mulheres terão novas formas de participar em decisões que afetam suas vidas e as vidas de suas comunidades", conclui o texto, que menciona "outras reformas", sem especificar quais seriam.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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