Segundo a presidente, as recentes medidas adotadas pelo governo têm a intenção de elevar a competitividade do produto nacional
Anne Warth, Francisco Carlos de Assis
A presidente Dilma Rousseff disse ontem que uma das consequências da crise deve ser o acirramento de medidas protecionistas no mercado internacional. O Brasil, porém, segundo ela, não vai adotar ações de "proteção pela proteção", mas medidas que elevem a competitividade do produto nacional. Na avaliação dela, o novo regime automotivo se encaixa nesse critério.
Dilma reiterou que o governo está alerta para fazer o que for necessário para proteger o País dos efeitos da crise, mas descartou a adoção de medidas de manipulação cambial, diminuição de salários e precarização do mercado de trabalho como forma de defesa do Brasil.
"Estamos bem atentos, adotando as medidas necessárias para nos proteger, seja de consequências financeiras, seja de um tipo de competição bastante desleal. Com coragem e ousadia vamos atuar de forma defensiva", afirmou a presidente, em discurso durante o Exame Fórum 2011. "Por isso, estamos adotando políticas que garantam a competitividade dos nossos produtos contra políticas cambiais irreais e medidas protecionistas muito escancaradas."
Em seu discurso, a presidente disse que as medidas adotadas pelo governo têm a intenção de elevar a competitividade do produto nacional e transformá-lo em um instrumento de desenvolvimento.
"E não voltar às velhas práticas de proteção pela proteção. Nós queremos competir, e nós queremos garantir que a nossa competitividade real não seja manchada por mecanismos informais de redução da nossa competitividade, sejam cambiais, financeiros e de qualquer tipo", afirmou.
Nova política. Dilma também defendeu a criação da nova política para o setor automotivo como uma das formas de defender a competitividade do País.
"Nós não vamos, para defender a nossa competitividade, nem achatar salários, nem precarizar o mercado de trabalho, ou manipular a taxa de câmbio", afirmou a presidente. "Mas nós vamos utilizar instrumentos adequados, vamos dar peso à geração e agregação de valor dentro do Brasil e à inovação. Daí o sentido da nossa política, por exemplo, de IPI dos automóveis", concluiu.
De acordo com a presidente, o governo vai zelar pela estabilidade econômica. "Nós somos fortes, quero reiterar isso, para enfrentar os efeitos da crise, mas não vamos temer o vale-tudo do processo de competição internacional, nascido do fato de que os mercados financeiros estão completamente fora de controle em vários países", afirmou.
"Sabemos que não somos uma ilha e que temos todos os elementos para desta vez ter um País não inatingível, mas um País em que nós todos construímos as muralhas necessárias para que os efeitos da crise nos atinjam menos", completou Dilma.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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