José Raymundo faleceu ontem, sexta-feira, 30 de setembro às 21:00h no hospital Quinta D’Or, no Rio de Janeiro.
O velório será neste sábado, 1 de outubro de 2011, a partir das 12:00h na Capela do Cemitério São João Batista, em Botafogo, no Rio de Janeiro.
Trabalhou até a noite de quinta-feira, 22 de setembro, naquilo que mais amava, a luta pelo socialismo. Preparava uma intervenção sobre o aprofundamento da crise do capitalismo para a reunião do “Grupo de Reflexão Socialista” que aconteceria na segunda-feira 26.
Na sexta 23 acordou bem disposto, preparou o café da manhã da esposa e de filha, saíu para sua caminhada matinal. Antes mediu e anotou pressão e temperatura como fazia há tempos: 12 X 8 e 36,4º, respectivamente. Um espetáculo.
A caminhada não aconteceu pois fez grave arritmia e parada cardio-respiratória no elevador. Não sofreu. Socorrido e “ressuscitado” foi mantido em coma induzida até o momento final, quando seu coração parou de bater.
Bancário do Banco do Brasil, José Raymundo da Silva era casado com a professora Terezinha do Menino de Jesus Pessoa da Silva há 63 anos, mãe de seus seis filhos: Frederico, Alexandre, Ana Célia, Ricardo, Agliberto e Carmem Lúcia. Nasceu no dia 30 de dezembro de 1924 em São José do Egito, agreste pernambucano.
Em 1950 ingressou na Juventude Comunista e a seguir no Partido Comunista Brasileiro ao qual dedicou o melhor de sua vida como militante e dirigente. Militante e dirigente sindical bancário a partir de 1955 fundou e foi o primeiro presidente da Federação dos Bancários do Norte e Nordeste que à época reunia os sindicatos da categoria da Bahia ao Amazonas. Junto com sindicalistas bancários de todo o Brasil fundou a Confederação dos Trabalhadores nas Empresas de Crédito – CONTEC, em 1958.
No mesmo ano integrou a Frente do Recife que reunia partidos e personalidades democráticas que possibilitaram as vitórias de Cid Sampaio e Miguel Arraes de Alencar governadores de Pernambuco. Frente igualmente patrocinadora das vitórias de Miguel Arraes, Pelópidas da Silveira e Artur Lima Cavalcante para a Prefeitura de Recife.
Junto com Clodomir Moraes e outros militantes foi brutalmente espancado, torturado e preso em 1954 no Comício do Zumbi, organizado pelo PCB. Em 1961 foi preso (junto com David Capistrano da Costa, Gilberto Azevedo, João Barbosa de Vasconcelos e Cícero Targino Dantas) e enviado para o Presídio de Fernando de Noronha por ordem dos militares golpistas que tentavam impedir a posse do presidente João Goulart.
O golpe militar de 1964 o encontrou na Secretaria Geral do Conselho Sindical dos Trabalhadores – CONSINTRA, a intersindical pernambucana. Perseguido e condenado a 19 anos de prisão José Raymundo mergulhou na clandestinidade para, inicialmente, reorganizar o PCB em Pernambuco e, em 1965, integrar a Seção Sindical do Comitê Central do PCB.
Membro da Executiva do Comitê Estadual do PCB na Guanabara foi preso em outubro de 1970 pelo DOI-CODI/RJ quando outra vez foi submetido a bárbaras torturas, recusando-se a prestar qualquer depoimento. Transferido para Recife (onde deveria cumprir a Sentença dos 19 anos) foi absolvido pelo STM e retornou ao Presídio Militar da Ilha das Flores (mantido pela Marinha) onde permaneceu até 1973.
De volta à vida legal dedicou-se à reorganização do PCB no antigo Estado da Guanabara até o final dos anos 80 quando foi eleito para o Comitê Central do PCB em seu VII Congresso. Desde então integrou o Secretariado Nacional do PCB, ao mesmo tempo que desenvolvia intensa militância entre os bancários do Rio de Janeiro.
Aposentado, nos últimos anos atuava no Departamento dos Aposentados do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro e na Associação dos Funcionários Aposentados do Banco do Brasil.
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