sábado, 1 de outubro de 2011

Dilma e Mantega sinalizam que juros podem voltar a cair

A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, sinalizaram ontem que a taxa de juros pode voltar a cair como forma de combater os efeitos da crise internacional. A presidente ressaltou que o governo não vai baixar os juros básicos movidos simplesmente pela reivindicação de agentes econômicos. "Vamos manter a trajetória de redução de juros de acordo com as condições econômicas do País", afirmou Dilma, para quem o Brasil vem sendo beneficiado pelo centário deflacionário causado pelo baixo crescimento das economias centrais. Segundo Mantega, o Brasil tem algo entre R$ 400 bilhões e R$ 500 bilhões em depósitos compulsórios que poderiam ser acionados em caso de necessidade. "Temos toda munição monetária, coisas que os Estados Unidos e Europa não dispõem. Nós temos, por exemplo, a taxa de juros mais alta do mundo, e podemos reduzi-la", afirmou o ministro.

Dilma volta a pedir corte de juros

Presidente afirma que País deve aproveitar crise internacional para reduzir a Selic, mas diz que o processo deverá ser feito com cautela

Anne Warth, Francisco Carlos de Assis

A presidente Dilma Rousseff disse ontem que o governo pretende aproveitar o momento de deflação e recessão mundial para continuar a reduzir a taxa básica de juros. Dilma lembrou que o governo elevou a meta de superávit primário neste ano em R$ 10 bilhões justamente para abrir espaço para reduzir os juros, mas ressaltou que esse processo será feito com cautela e responsabilidade e será avaliado de forma constante. Segundo a presidente, desta vez o Brasil não poderá errar.

"Isso significa que o Brasil não pode, desta vez, errar na avaliação do que vai acontecer aqui como repercussão do que está acontecendo lá fora. Não é admissível que, se de fato se configura uma recessão e um processo deflacionário no resto do mundo, nós aqui estejamos sem levar isso em conta", afirmou, em discurso, durante o Exame Fórum 2011, em São Paulo.

"Por isso é que eu acredito que, com muita cautela, mas com muita determinação, as políticas macroeconômicas do Brasil têm de avançar no sentido de utilizar todos os instrumentos para nos proteger", disse Dilma.

De acordo com a presidente, o Banco Central só manterá a trajetória de redução da Selic se houver condições internas e externas para que isso ocorra. "Nós não somos mais aqueles que fazem a política dizendo "não, tem de baixar". Vai baixar se for possível", afirmou.

"Eu acredito que quanto mais a deflação ameaçar a economia internacional, produzindo quebra nos preços, quanto mais a situação financeira ficar grave, desta vez nós vamos aproveitar uma parte, porque nós vamos levar as condições monetárias do nosso País a um nível que a conjuntura internacional permitir."

A presidente citou ainda medidas já adotadas pelo governo, como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no mercado futuro e a redução da taxa Selic em 0,5 ponto porcentual no fim de agosto.

"Sabemos que vamos enfrentar muitos desafios, mas temos instrumentos para zelar pela competitividade", disse.

Mantega. Seguindo a linha de Dilma, o ministro Guido Mantega afirmou que o governo deverá estimular a utilização de instrumentos de política monetária no combate aos efeitos da crise internacional. De acordo com ele, o País reúne todas as condições fiscais e monetárias para fazer frente ao quadro de redução da atividade econômica internacional, mas continuará estimulando os instrumentos de política monetária porque esses geram menos custos à Nação, ao contrário de medidas fiscais.

Ele disse que o Brasil tem entre R$ 400 bilhões e R$ 500 bilhões em compulsórios que poderiam ser acionados em caso de necessidade. "Temos toda munição monetária, coisas que Estados Unidos e Europa não dispõem. Nós temos, por exemplo, a taxa de juros mais alta do mundo, e podemos reduzi-la."

FONTE: O ESTADO DE S. PAULO

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