Itaú Unibanco nega que instabilidade de seu sistema 30 horas tenha ocorrido por causa da greve, que sindicato diz ser a maior em 20 anos
Marcelo Rehder
A greve nacional dos bancários chegou à internet. O sistema de pagamentos por meio do Internet 30 horas do Itaú Unibanco sofreu interrupções entre o fim da tarde de quarta-feira e o início da tarde de ontem.
Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Carlos Cordeiro, o problema foi provocado pela paralisação de setores estratégicos nos centros técnico e operacional e administrativo do banco em São Paulo.
Já o Itaú Unibanco afirmou, por meio de sua assessoria, que não há relação do problema, que já havia sido solucionado, com a greve da categoria. O banco não informou a causa da instabilidade ocorrida no sistema.
Segundo alguns clientes, transações efetuadas no dia anterior não apareciam no extrato, enquanto destinatários de transferências feitas não recebiam o valores.
"É reflexo das atividades de anteontem (terça-feira), quando fechamos o centro técnico e operacional do banco, na avenida do Estado, e o Centro Administrativo Unibanco, na rodovia Raposo Tavares", diz o sindicalista. "Esse pessoal não trabalhou e acabou provocando esse tipo de prejuízo para o banco."
A tecnologia fez mudar a estratégia de categorias como os bancários. Hoje, 90% das transações bancárias são feitas por meio eletrônico. "Temos consciência de quanto o setor é automatizado, mas também sabemos que há outros setores sensíveis, como mesa de câmbio, teleatendimento e a questão da própria imagem dos bancos", afirmou Cordeiro.
A maior em 20 anos. A greve, que completou dez dias ontem, cresceu e atingiu 8.758 agências e vários centros administrativos de bancos públicos e privados em todos os 26 Estados e no Distrito Federal, segundo a Contraf. "Trata-se da maior paralisação da categoria nos últimos 20 anos, superando o pico da greve de 2010, quando os bancários pararam 8.278 agências em todo o País", afirmou o presidente da Contraf.
O sindicalista ressaltou que a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) ainda não havia respondido à carta enviada na terça-feira pela Contraf cobrando a retomada das negociações. "Vamos despertar os banqueiros ampliando ainda mais a greve."
Em nota, a Fenaban condicionou o retorno do diálogo a apresentação de uma contraproposta dos trabalhadores.
"Quem tem de apresentar proposta são eles", disse Cordeiro. Para ele, os bancos querem que a categoria "fique rebaixando nossa proposta", de 5% de aumento real nos salários. "Isso a categoria já disse que é inviável", frisou o sindicalista.
Os bancários entraram em greve no dia 27 de setembro, depois de rejeitaram a proposta de reajuste salarial de 8% feita Fenaban, que significa 0,56% de aumento real.
Os trabalhadores reivindicam reajuste de 12,8% (aumento real de 5% mais inflação do período). Querem também valorização do piso salarial, maior Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e mais contratações, entre outras reivindicações.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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