terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Para analistas, PIB de 2011 não chega a 3%

Francine De Lorenzo

SÃO PAULO - Um crescimento de 3% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2011 está descartado pelos economistas consultados pelo Valor. Apesar da forte expansão no índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) entre outubro e novembro, indicador usado como prévia do PIB, as projeções para a economia brasileira no quarto trimestre não sofreram alterações, variando de estabilidade a crescimento de 0,5% na comparação com o trimestre anterior. Com isso, a expectativa é que o PIB do ano passado acumule alta entre 2,7% e 2,8%.

Após três meses consecutivos de retração, o IBC-Br avançou 1,15% em novembro sobre outubro. Para o economista Fabio Ramos, da Quest Investimentos, o pior momento para a economia brasileira já passou. "O piso da atividade provavelmente ficou em outubro, quando a variação trimestral do IBC-Br foi de -0,7% sobre o trimestre anterior", diz. No trimestre encerrado em novembro, o resultado negativo encolheu para 0,3% na mesma base de comparação. "Em dezembro, teremos um dado trimestral positivo", afirma.

Por melhor que sejam as estimativas para dezembro, nenhuma delas considera a possibilidade de uma expansão forte o bastante para levar a alta do IBC-Br a 3% em 2011. As projeções dos economistas variam de 0,2% a 0,8%. "Para que o IBC-Br fechasse o ano com crescimento de 3%, a alta em dezembro teria de ser de 3,3% na comparação com novembro. Isso é impossível", avalia Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores.

Segundo ele, vários indicadores, como o consumo de energia elétrica do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), os licenciamentos de automóveis da Fenabrave e os números da balança comercial, divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, mostram que não houve avanço tão grande. "Um crescimento nessa intensidade só foi visto em junho de 2008, quando o IBC-Br subiu 3,5%. Foi o maior crescimento em um mês da série histórica", conta Borges.

A expectativa da LCA é de aumento de 0,5% no IBC-Br entre novembro e dezembro, já considerando os ajustes sazonais, o que resultaria em alta de 2,7% em 2011. "Esse número embute crescimento de quase 1% na produção industrial, que, se confirmado, será o maior em muito tempo, além de um aumento de 0,4% nas vendas do varejo ampliado no período", ressalta o economista.

Para Daniel Moreli, do Banco Indusval & Partners (BI&P), a indústria em dezembro deve ter desempenho melhor que em novembro, mas as vendas do varejo decepcionaram no último mês de 2011. "Como os resultados do Natal foram fracos, as lojas acabaram antecipando as liquidações. Pode ser que isso traga um resultado um pouco melhor em dezembro", diz, acrescentando que, mesmo assim, não há condições de se chegar a uma expansão econômica de 3% no ano.

Pelos cálculos de Moreli, o IBC-Br deve ter aumento de 0,2% em dezembro, resultando em alta de 2,8% em 2011. A estimativa para o PIB do quarto trimestre é de expansão de 0,1% em relação ao trimestre anterior, chegando a 2,8% de crescimento no ano.

A mesma projeção para o acumulado de 2011 é feita por Fábio Silveira, da RC Consultores. De acordo com ele, o crescimento modesto do consumo, em decorrência da perda de ímpeto da massa real de rendimento e do maior endividamento das famílias, indica que não há fôlego para crescimento de 3% no PIB do ano passado.

Para 2012, entretanto, as expectativas são mais otimistas, apontando expansão em torno de 3,5% no PIB. A economia brasileira, na avaliação de Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria, ganhará impulso já no primeiro trimestre. "O aumento do salário mínimo deve reforçar a economia no início do ano. Passado esse efeito, teremos uma acomodação. O PIB voltará a ganhar força nos dois últimos trimestres de 2012, com os efeitos da queda dos juros", diz.

Moreli aposta em um crescimento a passos lentos. "A melhora será gradual, captando cada vez mais os efeitos da política monetária", diz. Ele prevê expansão entre 0,8% e 1% no primeiro trimestre de 2012, com o ritmo de crescimento subindo para algo entre 1% e 1,2% nos últimos três meses deste ano.

FONTE: VALOR ECONÔMICO

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