Bombas e tiros de borracha; cordões de isolamento com blindados do Exército e brigas entre militares paralisaram ontem as atividades no centro de governo da Bahia, em Salvador. A tensão entre os policiais grevistas e as tropas federais que cercavam a Assembleia Legislativa causou vários confrontos. O cerco aos 300 PMs que acampam no Legislativo seguia sem previsão para terminar. O governo exigia a prisão dos líderes - que prometiam resistir. A Polícia Federal ainda tentava prender 11 líderes do movimento
Confrontos na Bahia deixam 6 feridos e tentativa de acordo não avança
1.050 militares do Exército continuam cercando prédio da Assembleia Legislativa invadido por policiais militares em greve há 7 dias
Tiago Décimo
SALVADOR - Bombas e tiros de borracha, cordões de isolamento com tanques do Exército e brigas entre militares pararam ontem as atividades no centro de governo da Bahia, em Salvador. A tensão entre policiais grevistas e tropas federais que cercam a Assembleia causou confrontos que deixaram seis feridos ao longo do dia.
O tenente-coronel Márcio Cunha, da 6.ª Região Militar, descartou a invasão e frisou que o cerco é pacífico, "para facilitar as negociações". "Mas eventuais violências contra nossa tropa, porém, serão respondidas com a intensidade necessária."
O cerco aos 300 PMs que acamparam no prédio do Legislativo segue sem previsão para acabar. O governo exige a prisão de 11 líderes - que prometem resistir. A Polícia Federal ainda tentava ontem cumprir os mandados de prisão. Mas, segundo o comando da greve, nove foragidos já deixaram o local.
Por volta das 5 h, os grevistas iniciaram uma movimentação para bloquear o acesso principal ao Centro Administrativo da Bahia (CAB). A movimentação foi a justificativa para a entrada de 600 integrantes das tropas do Exército no local, às 6h.
O primeiro conflito ocorreu às 7h30, quando um grupo, que tentava levar mantimentos aos amotinados, foi impedido pelas forças federais. Balas de borracha foram disparadas contra o chão - uma delas atingiu o pé de um integrante do grupo. A confusão impediu secretarias de governo e até o Tribunal de Justiça de funcionar.
Ao longo da manhã, mais 450 militares reforçaram a tropa. Enquanto isso, cerca de 500 policiais simpatizantes do movimento grevista chegaram ao local e foram impedidos de entrar na Assembleia. O Exército criou um segundo cordão de isolamento.
Usando carro de som, o presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), Marco Prisco, insuflava os grevistas, dentro e fora da Assembleia, a resistir. Por volta das 9h, um policial amotinado na Assembleia saiu da primeira área de isolamento e tentou retornar. Foi impedido pelas tropas e entrou em confronto. O policial chegou a ouvir voz de prisão, mas foi liberado depois de uma negociação conduzida pelo deputado estadual Capitão Tadeu (PSB).
Às 11h30, houve o confronto mais tenso. Vendo uma brecha, novos manifestantes tentaram invadir o prédio. A tropa tentou detê-los e policiais reagiram, jogando garrafas de água contra os militares, que responderam com bombas de efeito moral, gás de pimenta e balas de borracha.
Um cinegrafista da Rede Bandeirantes ficou com o nariz sangrando após explosão de bomba de efeito moral. Um fotógrafo da Secretaria de Comunicação do Governo e dois sindicalistas foram atingidos por balas de borracha. Por fim, às 16h, novo tumulto: forças federais tentaram cercar o prédio com tapumes e foram impedidas.
Saída. À noite, 5 crianças, 2 mulheres e 2 homens deixaram a Assembleia. O Juizado da Infância expediu liminar determinando a retirada das cerca de 20 crianças do local. Os grevistas afirmam não terem sido notificados.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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