Publicação da Biblioteca Nacional pede desculpas por artigo que ataca Serra; PSDB reage e estuda ação na Justiça
Maria Lima, Silvia Amorim e Isabel Braga
SÃO PAULO E BRASÍLIA - A direção da “Revista de História da Biblioteca Nacional”, patrocinada pela Petrobras, alegou ontem ter sido um “erro” a publicação do artigo “O jornalismo não morreu” em seu site, no qual faz apologia do livro “A privataria tucana” e diz que o ex-governador José Serra (PSDB) está “aparentemente morto”, como publicou ontem a coluna Panorama Político, do GLOBO. Segundo nota divulgada pela direção da revista à imprensa, “todos os textos do site e da revista são avaliados internamente pelos editores, o que não ocorreu com o acima mencionado”. Os responsáveis pela revista pediram desculpas “aos que se sentiram ofendidos”. O PSDB reagiu duramente e estuda ação contra a publicação.
O artigo foi tirado do ar ontem.
A “Revista de História” foi lançada em 2005 e se apresenta como uma publicação independente, editada pela Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional (Sabin), presidida por Jean Louis de Lacerda Soares.
A principal fonte de receita da publicação, porém, são os patrocínios da Petrobras, viabilizados por meio da Lei Rouanet.
A nota afirma ainda que a revista “não defende posições político- partidárias”, e que o conteúdo do artigo é “um posicionamento pessoal do repórter”.
De acordo com a nota, “a Biblioteca Nacional não tem qualquer responsabilidade pelos textos publicados, participando da revista como fornecedora de material de pesquisa e iconografia”.
Mas o texto provocou grande indignação entre parlamentares tucanos e a direção do PSDB.
O presidente do partido, deputado Sérgio Guerra (PE), saiu em defesa de Serra e anunciou que entrará hoje com ação judicial contra a publicação — o setor jurídico do partido ainda analisava que tipo de ação será protocolada.
Ontem, Sérgio Guerra mandou carta à ministra da Cultura, Ana de Hollanda, ao editorchefe da “Revista de História da Biblioteca Nacional”, Luciano Figueiredo, e ao jornalista responsável, Marcos Sá Corrêa, repudiando “as falsas acusações e insinuações” do artigo assinado pelo redator Celso de Castro Barbosa.
“Para se caracterizar como uma resenha, com o mínimo de idoneidade esperável nessa publicação, o artigo não poderia deixar de mencionar o papel do autor do livro no comitê da campanha presidencial do PT em 2010, nem os processos criminais a que responde por corrupção de agentes públicos e violação do sigilo fiscal de José Serra e outras pessoas”, diz a nota do PSDB, que continua: “Tampouco poderia repetir acusações e insinuações do livro sem a menor análise da sua consistência e fundamento, que uma leitura, mesmo rápida, revela serem nulos”.
— É evidente que houve um abuso absurdo. Uma revista desse tipo não tem que fazer nenhuma análise política, muito menos fazer esse tipo de agressão a ninguém. É mais um instrumento de poder usado de forma inescrupulosa por essa gente que está no poder hoje — repeliu o ex-governador tucano de São Paulo Alberto Goldman.
— É o ambiente que se cria (pelo PT) que permite que servidores públicos se sintam no direito de agredir os adversários do governo. O aparelhamento do Estado e o ambiente de impunidade fazem isso — afirmou Jutahy Junior (PSDB-BA).
O presidente do PSDB diz ainda, na nota, que a ofensa é agravada por envolver os nomes da presidente Dilma Rousseff, e da ministra Ana de Hollanda, que aparecem no expediente da publicação: “Lamentamos constatar que nem uma instituição como a Biblioteca Nacional está a salva desse processo degradante”.
— É incompreensível que instituições como a revista da Biblioteca Nacional se prestem a divulgar textos partidários facciosos e criminosos que agridem personalidades de partidos políticos respeitáveis e democráticos. Essa manipulação escandalosa dessa publicação de imprensa marrom que não resiste a um sopro não pode continuar — declarou Sérgio Guerra.
Para tucanos, artigo emitiu opiniões partidárias O ex-líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Duarte Nogueira (SP), também atacou o que chamou de aparelhamento do Estado pelo PT.
— Lamento que uma revista que sempre foi de qualidade e um conselho editorial gabaritado estejam sendo detonados também pelo aparelhamento inconcebível do PT. Estão utilizando escancaradamente um instrumento público para fazer política, fazer oposição de forma covarde. Por que o PT é o governo de plantão e pode fazer o que quiser com a Biblioteca Nacional ? É deplorável — afirmou Duarte Nogueira “Uso da máquina pelo PT não tem limites. Usar publicação oficial da Biblioteca Nacional para emitir opiniões partidárias e atacar Serra é demais”, completou o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG) noTwitter. Procurado, Serra não quis comentar o artigo.
FONTE: O GLOBO
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