Aliados duvidam da sinceridade petista em tê-los como parceiros no longo prazo
Fernando Rodrigues
BRASÍLIA - Se em 2005 não tivesse eclodido o escândalo do mensalão, o PT e o então presidente Lula jamais teriam se aproximado tanto do PMDB e de outros partidos. Passada mais de meia década, aos poucos os desejos hegemônicos dos petistas voltaram a aflorar.
Toda a movimentação do PT e da presidente Dilma Rousseff tem sido para vencer as eleições de prefeitos nas principais cidades. Robustecer assim a legenda para em 2014 voltar com bancadas ainda maiores no Congresso -e depender cada vez menos do PMDB ou de outros partidos.
Esse é o DNA da atual e ainda incipiente crise. Os peemedebistas perceberam que sua falta de protagonismo não é momentânea, mas algo programado para ser perene.
Há outros componentes mais visíveis na atual disputa, que se materializou num manifesto de deputados descontentes e na rejeição de um indicado para uma agência reguladora. Ontem, em Brasília, eram listados os seguintes gatilhos para a atual crise:
1) cargos e emendas ao Orçamento: partidos se sentem desatendidos de maneira ostensiva e quase nunca são recebidos pela presidente;
2) PMDB dividido: a incapacidade da atual direção para encaminhar pleitos de deputados e de senadores levou o presidente licenciado do PMDB, Michel Temer, que é vice-presidente da República, a ter seu comando contestado por congressistas de menor expressão na legenda;
3) poder no Congresso: em 2013 serão escolhidos os novos presidentes de Câmara e Senado. Os nomes postos são os de Renan Calheiros (Senado) e Henrique Eduardo Alves (Câmara), mas eles sofrem resistência em suas bancadas.
Esses fatores têm peso, mas poderiam ser contornados se houvesse certeza por parte do PMDB e de outros partidos sobre a sinceridade do PT em tê-los como parceiros no longo prazo. A sensação é oposta. Por isso, são mínimas as chances de projetos polêmicos de interesse do governo serem aprovados na atual conjuntura.
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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