Por Marcos de Moura e Souza
BELO HORIZONTE - Se na ótica dos tucanos, a base da presidente Dilma Rousseff já mostra fissuras, o PSDB vive um momento de certa pacificação interna depois de José Serra ter entrado na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Serra promete ficar os quatro anos de mandato como prefeito se for eleito - ao contrário do que fez em 2006, quando deixou a prefeitura para se candidatar ao governo do Estado.
Com Serra dedicado a São Paulo, a convergência em torno do senador Aécio Neves parece ganhar corpo no PSDB. O senador tem dito reservadamente que o governador Geraldo Alckmin está alinhado com o seu projeto presidencial. Aécio esteve com ele em São Paulo, numa conversa no Palácio dos Bandeirantes, quando ainda não estava claro quais seriam os passos de Serra.
Uma das fontes do Valor em Minas contou o seguinte relato que ouviu de Aécio sobre os dias que antecederam o anúncio de Serra: "Alckmin teve uma conversa num tom até duro com o Serra, acima do que é o padrão. E disse: "Se você não se candidatar, não terá o apoio de São Paulo para disputar mais nada"".
O próprio Aécio teve uma participação indireta na campanha interna do partido para que Serra entrasse na disputa pela prefeitura. Além de Alckmin, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e outros governadores contribuíram com sua parcela na pressão.
Como muitos tucanos punham na conta de Serra a criação do PSD pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, um serrista convicto, a "decisão dele [Serra] serviu um pouco para compensar isso", teria dito Aécio.
A um interlocutor, o senador fez a seguinte constatação sobre as chances de Serra boicotar suas articulações para 2014: "Ele vai ser obrigado a reafirmar todos os dias que vai continuar no cargo. E talvez chegue um momento em que ele tenha de fazer isso com mais veemência." Tradução: Aécio aposta que para não deixar dúvidas nos eleitores paulistanos de que não tentará a Presidência, Serra terá de manifestar apoio a ele. (MMS)
FONTE: VALOR ECONÔMICO
Nenhum comentário:
Postar um comentário