Procurador-geral afirma que, se questionasse a presença do ministro, julgamento atrasaria
André de Souza, Carolina Brígido
BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, confirmou ontem que não pedirá o afastamento do ministro Dias Toffoli para não atrasar o julgamento do mensalão.
- Se o fizesse, teria a suspensão do julgamento, e com a perspectiva de um atraso no horizonte razoável - afirmou.
Ontem, no primeiro dia do julgamento, Toffoli deixou claro que não pretende se afastar. A participação dele vem sendo questionada por dois motivos. Toffoli foi assessor jurídico na Casa Civil na gestão do ex-ministro José Dirceu, um dos réus do caso, e Dirceu o considera um amigo. Além disso, a namorada do ministro, Roberta Rangel, foi advogada do ex-deputado Professor Luizinho (PT-SP), outro réu no processo. Ontem, o site da revista "Época" revelou que, em outubro de 2005, Roberta também chegou a advogar para Dirceu. Esse cenário poderia provocar o impedimento de Toffoli.
Ontem, os ministros discutiram uma questão de ordem para decidir se o processo deveria ser desmembrado uma vez que só três dos 38 réus têm prerrogativa de foro no Supremo. Ao se pronunciar, Toffoli disse que já havia analisado a questão em seu voto e foi contra o desmembramento:
- Eu inicio dizendo que o voto que preparei para este caso contém essa análise preliminar, que era algo que realmente iríamos enfrentar. Tenho o voto por escrito, mas vou fazer algumas ponderações.
Antes do começo da sessão, alguns advogados evitaram falar com a imprensa, como foi o caso de José Luís Mendes de Oliveira Lima, que defende Dirceu:
- Não cabe ao advogado decidir. Cabe ao ministro.
Arnaldo Malheiros, advogado do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, evitou comentários. Segundo a denúncia da Procuradoria Geral da República, Dirceu e Delúbio, juntamente com José Genoino, ex-presidente do PT, e Silvio Pereira, ex-secretário-geral do partido, formavam o núcleo da quadrilha. Silvio Pereira foi excluído da denúncia depois de firmar acordo judicial, com aval do MP, para prestar serviços comunitários e não é mais réu no processo.
Perguntado se Toffoli tem condições de votar, Malheiros respondeu:
- Isso cabe a ele.
FONTE: O GLOBO
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