Ausência de informações no jornal oficial provoca bate-boca
Cristiane Jungblut
BRASÍLIA Após ter sido acusado pelo PPS de impedir que o Jornal da Câmara reproduzisse o debate no plenário sobre o julgamento do mensalão, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), subiu o tom ontem e disse que assistir a esta fase dos trabalhos no Supremo Tribunal Federal (STF) era para quem "não tem mais nada para fazer". O petista disse ainda que o mensalão não lhe interessava e que não pretendia acompanhar os debates, pois estava ocupado com assuntos da Câmara e do país. Sua preocupação, ironizou, é a defesa da liberação das emendas dos parlamentares de oposição ao Orçamento da União.
Maia rebateu, principalmente, as declarações do presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), que foi ao plenário cobrar publicamente a omissão do jornal oficial.
- Lendo o Jornal da Câmara, não encontrei nenhuma linha sobre um assunto que gerou polêmica no plenário desta Casa (anteontem), com a participação do líder do PT. Ele (Maia) permitiu que a censura se instalasse. Estou aguardando explicações por esse abuso inconstitucional - disse Freire
Quando chegou, por volta das 16h, Maia respondeu de pronto aos ataques:
- Vi que muitas pessoas estão preocupadas com quem está vendo, com quem não está vendo (o julgamento). E quero dizer que o julgamento do mensalão, nesta fase em que está, é para jornalista assistir e para aqueles que não têm absolutamente mais nada para fazer das suas vidas. Como eu tenho muita coisa para fazer, não tive tempo para acompanhar o que está se passando no mensalão.
O líder do PSDB na Câmara, deputado Bruno Araújo (PE), lamentou o tom adotado pelo petista:
- É um dia de grande infelicidade do presidente (Marco Maia). Parece que esse julgamento está tirando do centro da razão de muita gente importante - disse o líder tucano, que também lamentou a menção ao acordo que prevê a liberação dos recursos para as emendas apresentadas pelos deputados de oposição.
Em discurso num plenário esvaziado, Roberto Freire se irritou quando informado de que seu tempo para falar estava terminando. Foi quando o clima esquentou, com o petista Vanderlei Siraque (SP).
- Ele (Freire) quer que a Câmara escreva o que ele deseja. Aqui não é a imprensa de vocês, a (imprensa) burguesa, não - disse Siraque, afirmando ser vice-líder do PT.
FONTE: O GLOBO
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