Ele pode ser menos importante para você, mas a recíproca não é verdadeira
Já me aconteceu de ligar para amigos na véspera da eleição pedindo indicação de um candidato a vereador. Minha negligência não se justifica, mas se explica. Acho o cargo de vereador menos importante que o de prefeito. E me cansa aquele desfile de candidatos a vereador no horário eleitoral.
Se você também se importa menos com seu voto para vereador, aqui vão uma razão e uma sugestão para não fazer o que eu fiz.
O vereador pode ser menos importante para você, mas você tende a ser mais importante para o vereador. Como o prefeito é um e os vereadores são muitos, há menos eleitores por vereador do que por prefeito. O prefeito é da cidade inteira; o vereador, de uma parcela da cidade. Por isso tende a ser mais fácil falar com um vereador para fazer reclamações e sugestões. Razão para escolhê-lo bem.
E como escolher? Minha sugestão é: distritalizando seu voto. Melhor seria adotar por lei o voto distrital.
Na falta disso, muitos eleitores o adotam na prática: concentram sua votação num candidato do distrito ou bairro. Sabem que é melhor ter do que não ter um representante do bairro na Câmara Municipal. Se o seu bairro tem um representante, e você não tem objeções éticas ou políticas à sua atuação, pode ser uma boa ideia reelegê-lo. Se não, busque alguém que mereça sua confiança entre os candidatos com presença no bairro.
Se o candidato em quem você votou não se eleger, você ainda pode ter um vereador. Adote um que tenha afinidade com seu bairro e com temas importantes para você.
Os eleitores se queixam que os políticos esquecem deles depois da eleição. A recíproca é verdadeira: muitas vezes, o eleitor esquece em quem votou. Invista na escolha do seu vereador. Acompanhe sua atuação. Acione-o quando necessário. Assim você evita o esquecimento recíproco e faz a democracia a funcionar melhor.
Eduardo Graeff é cientista político e foi secretário-geral da Presidência na gestão FHC
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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