Tucano defende deixar passado de lado, mas evita menção a Aécio
Maria Lima
BRASÍLIA - Com o problema de coluna da véspera aparentemente resolvido, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) disse ontem que está trabalhando para administrar o seu pavio curto e passionalidade, em referência aos conflitos internos do PSDB, e afirmou que se empenhará em trabalhar pela união de todas as forças de oposição, que, acredita, tem chance de vencer o PT no ano que vem. Sem citar o senador Aécio Neves (MG), potencial candidato do partido à Presidência em 2014, Serra mostrou bom humor ao sinalizar que deixará para trás as mágoas do passado em relação ao comportamento do mineiro em suas campanhas.
Em discurso no seminário "Esquerda democrática pensa o Brasil", organizado pelo PPS, Serra fez severas críticas ao governo Dilma e disse ser importante somar forças e trazer para o lado da oposição "pessoas de boa-fé da base do governo", sem citar o nome do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que também tem criticado a política econômica do governo. Mas alertou que é necessário mais do que só o discurso do novo: é preciso casar o discurso do fazer mais com a realidade econômica do momento.
- Nossa responsabilidade é grande. É importante estarmos juntos, agrupar, juntar todas as forças que possam convergir. Isso supõe equilíbrio, frieza, para deixar paixões e o passado de lado. Sou passional. Mas não levo a paixão para as grandes decisões políticas. Sou racional demais para isso - disse Serra.
O tempo todo ele fugiu das perguntas diretas sobre o apoio a Aécio. Disse que, se o mineiro for o candidato a presidente do partido, é lógico que terá seu apoio. Perguntado se Aécio era um bom nome para 2014, ele respondeu, primeiro, que sim. Mas, depois, disse que a pergunta era uma pegadinha. Na saída, perguntado especificamente sobre se os problemas do passado com o senador mineiro estavam resolvidos, afirmou:
- Para mim, está sempre zerado. Vocês sabem que eu sou esquentado, mas está zerado.
Segundo Serra, ter vários candidatos em 2014 é uma boa estratégia, mas ressalvou:
- Isso não significa que eu esteja me colocando (como candidato).
No discurso, Serra criticou a política econômica de Dilma e o patrimonialismo sindical dos dez anos do PT no governo:
- A herança do governo Dilma será do padrão da deixada pela ditadura. Quem suceder ao PT vai encontrar o país no chão. Imagina se tem reeleição. Aí vai ser abaixo do chão.
Otimista em relação a 2014, Serra disse que "é difícil, mas não é impossível" vencer. Avaliou que em 2010 as condições do governo eram muito melhores, e que, mesmo assim, por muito pouco não venceu a eleição.
- Com tudo contra, tivemos 44%. Agora, pode ser tudo diferente. Nada é irremovível. Não há razão para derrotismo - disse, ao final do evento.
Fonte: O Globo
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