Aécio diz que aliança com governador do PMDB seria boa para o país
RIO, SÃO PAULO e BRASÍLIA - Depois de falar, durante um jantar com peemedebistas em Brasília, que não apoiaria a reeleição da presidente Dilma Rousseff se o PT lançasse a candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo do Rio, o governador Sérgio Cabral amenizou ontem o tom, mas manteve o discurso. Disse ser esquizofrênico a presidente ter dois palanques e que isso não acabaria bem.
Cabral tenta implodir a candidatura de Lindbergh, para que o nome da aliança ao Palácio Guanabara seja o atual vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB). O governador afirmou ontem a jornalistas ainda acreditar no entendimento entre PMDB e PT no Rio.
- Tenho certeza de que vamos chegar a bom termo. Tenho certeza absoluta de que nós teremos um palanque único para o governo do estado e um palanque único para presidente da República, porque é esquizofrênico você ter dois palanques. Isso não acaba bem. A presidente Dilma, como ela vai vir ao Rio em um palanque de alguém que está fazendo críticas ao meu governo? Vê se isso tem cabimento - disse Cabral, após participar de evento na Federação das Indústrias do Estado do Rio (Firjan), no Centro do Rio.
No jantar de terça-feira com governadores e ministros peemedebistas, Cabral chegou a lembrar o parentesco de seu filho Marco Antônio Cabral Neves com o senador Aécio Neves (PSDB-MG), possível adversário de Dilma em 2014. Ontem, afirmou que fez elogios a Aécio como aos demais possíveis candidatos à Presidência em 2014. Cabral negou que tenha condicionado seu apoio a Dilma à retirada da candidatura de Lindbergh:
- Jamais disse isso. Estou apenas alertando que tem que haver reciprocidade.
Sem citar o petista, Cabral reiterou que projetos pessoais devem ser sacrificados:
- Eu tenho uma estima muito grande pela presidenta Dilma e tenho certeza absoluta de que projetos pessoais ficarão subordinados a um projeto maior, um projeto de realizações, que tem unido o PMDB e o PT aqui no estado.
Em São Paulo, Aécio afirmou ontem que uma aliança com Cabral no Rio para as eleições do ano que vem seria positiva para o país.
- Se um dia nós pudermos construir algo juntos, acho que seria muito bom para o Rio e para o Brasil - afirmou o senador, antes de participar da gravação do "Programa do Ratinho", do SBT.
O aceno de Cabral para Aécio repercutiu no ninho tucano. Caciques do PSDB do Rio relataram que já existe um canal aberto entre o partido, o governador e o PMDB.
- O senador Aécio tem conversado com peemedebistas. No Rio não há dificuldade que impeça o apoio ao Pezão. Diferentemente do que foi colocado para o PDT (aliança nacional em troca do apoio à candidatura de Miro Teixeira), o partido poderá fechar um acordo regional - disse o deputado federal Otavio Leite, membro da Executiva Nacional. - O PMDB está rachado em outros estados e muitos peemedebistas já declararam apoio a Aécio.
Já os petistas fluminenses criticaram a antecipação do discurso eleitoral.
- Ainda é cedo para discutir alianças e, no momento, temos candidato. O PMDB precisa entender que chegou a vez do PT. Cabral deve muito aos governos Dilma e Lula, que investiram no estado - afirmou o presidente regional do PT, Jorge Florêncio.
O PT, que tenta retardar a negociação, tem cargos nos governos peemedebistas do estado e da capital.
Após as cobranças de Cabral e os contra-ataques de Lindbergh, a palavra de ordem nas cúpulas de PMDB e PT é a paciência. Seguindo a orientação dada pelo senador José Sarney durante o jantar, caciques peemedebistas avaliam ser equivocada a tentativa de antecipar o embate eleitoral, pois acreditam que um pouco mais à frente Lula e Dilma acabarão sendo obrigados a negociar.
Já na cúpula do PT há duas recomendações: para Lindbergh não elevar excessivamente o tom do embate, sob pena de tornar inviável a relação futura com o parceiro local; e para só acelerar o processo eleitoral em 2014.
Fonte: O Globo
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