A um ano e meio das eleições presidenciais, a máquina de propaganda petista tem novo slogan para impulsionar a candidatura de Dilma Rousseff: "O fim da miséria é só o começo". Em fevereiro, a presidente, que está em campanha e já havia declarado que pode "fazer o diabo" para vencer uma eleição, anunciou: "Por não termos abandonado o nosso povo, a miséria está nos abandonando". Trata-se de mais um exemplo do populismo rasteiro que marca os dez anos de poder do PT e da falsa propaganda que ilude, distorce a realidade, e vende um país de fantasia descolado do Brasil real.
Reportagem publicada pelo jornal "Folha de S.Paulo" mostrou, com base em dados disponibilizados pelo próprio Ministério do Desenvolvimento Social, que a erradicação da miséria é mais uma falácia do petismo. Isso porque o governo utiliza, ao menos desde junho de 2011, o valor de R$ 70 para estabelecer a chamada "linha da miséria", limite de ganho mensal abaixo do qual uma pessoa é considerada miserável.
O índice jamais foi reajustado de acordo com o aumento da inflação no período, de 10,8%, segundoo lPCA. Com a correção desse valor, os R$ 70 chegariam a R$ 77,56.
Mesmo somando seus ganhos pessoais àquilo que recebem em programas de transferência de renda como o Bolsa Família, 22,3 milhões de brasileiros possuem menos do que esse valor por mês. O número corresponde a mais de 10% da população e é praticamente igual à quantidade de pessoas que tinham menos de R$ 70 mensais antes de Dilma assumir a Presidência.
Ao não corrigir o valor que adotava como parâmetro para calcular o número de miseráveis no Brasil, o governo petista recorre a uma descarada manipulação e ilude a opinião pública.
Infelizmente, esse tipo de distorção legitima a desconfiança generalizada em relação a outros dados divulgados pelos órgãos oficiais. Tome-se o caso do índice de desemprego, por exemplo. Segundo o IBGE, mesmo sem nenhum sinal de recuperação da economia, a taxa de desocupação no país ficou em 5,7% em março, estável em relação ao mês anterior (5,6%).
Entretanto, uma realidade bem diferente é mostrada pela Pesquisa de Emprego e Desemprego do Dieese e da Seade, segundo a qual o desemprego no conjunto de sete regiões metropolitanas do Brasil subiu de 10,4% em fevereiro para 11% em março.
Tamanha disparidade gera questionamentos a respeito dos critérios utilizados por cada levantamento ou mesmo se a maior parte dos empregos teria sido gerada nos grotões do país, e não nas regiões metropolitanas, o que parece improvável. É evidente que, diante de uma discrepância tão grande, qualquer explicação oficial carece da lógica mais elementar e não é suficiente para dirimir as dúvidas.
Um governo que diz ter estabelecido como principal meta erradicar a miséria no Brasil deveria ter uma preocupação maior com a credibilidade dos números apresentados à nação. Na fantasia petista, o país não tem miseráveis ou inflação, e a economia voltou a crescer de forma vigorosa.
Assim caminha o PT, com manipulação, factoides e o intuito exclusivo de se perpetuar no poder. Afinal, como reconheceu a própria Dilma, para ganhar eleição vale "fazer o diabo".
Roberto Freire, deputado federal e presidente do MD – Mobilização Democrática
Fonte: Brasil Econômico
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