quinta-feira, 2 de maio de 2013

Lá Vem o Patto! – Urbano Patto

O momento econômico está revelando os limites de uma política de desenvolvimento que não tem horizonte estratégico de médio e longo prazos, assentando-se no estímulo ao consumo movido a crédito.

Um dos indicadores mais relevantes desses limites é a falta de mão de obra qualificada autóctone e a crescente necessidade de importação de mão de obra, principalmente em funções técnicas. Fala-se de um déficit de 150.000 engenheiros.

Não é tarefa fácil suprir essa lacuna e é o tipo de tarefa que demanda tempo para dar resultado. O período da educação básica, o da formação de nível médio, da qualificação de nível superior e o tempo do profissional adquirir experiência no fazer, no mercado de trabalho, no intercâmbio com outros profissionais, daqui e do exterior, e assim por diante.

Nesse quadro o que vemos é o governo federal tratar essencialmente o ensino superior com a mesma ótica do bolsa família, mais um mecanismo compensatório de caráter social, ficando em segundo plano sua importância econômica como base inalienável para o desenvolvimento. Importância não apenas no sentido de fornecer profissionais qualificados para a produção e para o mercado mas também para realizar pesquisa de base e aplicada, notadamente na área da tecnologia.

O foco do governo tem sido financiar o estudante para que ele tenha acesso ao curso superior sem qualquer direcionamento para áreas estratégicas e, na medida que o ensino básico e médio é fraco, o destino do estudante é a matrícula em cursos também fracos em escolas de ensino em massa e agora em cursos à distância pela internet de qualidade duvidosa.

Nada contra que seja cada vez maior o acesso de todos ao ensino superior e ao diploma universitário, isso ajuda a ascensão social e a melhora das condições de vida, mas só isso não responde às necessidades do desenvolvimento do país. Democratizar o acesso à universidade não deve significar o rebaixamento de sua qualidade para se nivelar ao estudante que saiu do segundo grau sem a formação necessária.

Urbano Patto é Arquiteto-Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional, dirigente do partido Mobilização Democrática - MD de Taubaté e do Estado de São Paulo. Comentários, sugestões e críticas para urbanopatto@hotmail.com.

Nenhum comentário: