“Cada vez mais já perto desse limite, a esfera da política-teoria-valores adquire grande relevância, como também o próprio mundo político – por mais combalido que hoje esteja - ganham um realce que muitos não acreditam. Importância no sentido de ter função para restituir inteligibilidade ao processo político em andamento, quando muitas coisas hoje parecem turvas. Aliás, como nos ensina a experiência da resistência democrática nos anos de chumbo, época – este é o motivo da alusão - de grande descrédito na política e nos partidos.
Se hoje o mundo político (partidos, líderes, etc) ainda não pode ser visto como epicentro de onde se possa extrair energias para encaminhamentos de afirmação mais avançada da democracia política, particularmente no futuro imediato, com certeza de converterá em ponto nevrálgico para o aprofundamento do presente curso ainda normal das coisas, do qual tudo depende.
Aqui está a referência a que a esquerda tem que se aferrar no Brasil de hoje. Ela tem pela frente o cometimento de viabilizar um projeto político capaz de transpor a névoa populista que vai se adensando no país; projeto amplo para que se afirme um desenvolvimento econômico moderno e com oportunidades para todos, sob o Estado democrático de Direito, como defendem não poucas correntes político-partidárias e intelectuais.”
Cf. Raimundo Santos, “O sentido da esquerda na atual circunstância”, in O que é ser esquerda hoje?, org. Francisco Inácio Almeida, edits. Contraponto e Fundação A. Pereira, Rio de Janeiro-Brasília, 2013, pp.222-3.
Nenhum comentário:
Postar um comentário