Em agosto do ano passado, o governo anunciou com pompa um dos maiores programas de investimento em logística do planeta. Em discurso, no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff deu uma estocada em governos da década de 90: "Nós, aqui, não estamos desfazendo de patrimônio público para acumular caixa ou reduzir dívida". Era uma" meia-verdade. O governo do PT não vai vender patrimônio público, mas fazer concessões a empresários.
No entanto, o dinheiro será usado justamente para "acumular caixa" e "reduzir dívida". Pressionada pela falta de credibilidade de sua política econômica, a presidente mandou usar o dinheiro recebido nos leilões deste ano como parte do "superávit primário", a meta de economia do setor público,
Dilma foi eleita com base em uma lógica antítese das privatizações, Era, nas palavras de Lula, a "mãe" do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Desde 2003, quando chegou ao governo federal, Dilma defendia o papel do Estado na condução de investimentos necessários ao País, Primeiro, reformulou todo o setor elétrico, na Pasta de Minas e Energia, Ao assumir a Casa Civil e o Conselho de Administração da Petrobrás, bateu forte na tecla de que as grandes empresas precisavam comprar no Brasil sua matéria-prima.
Nos bastidores, insistiu para que a petroleira estatal assumisse a operação e comprasse pelo menos um terço da riqueza do pré-sal O discurso atendia ao figurino: uma técnica de apelo nacionalista, contrária à entrega de patrimônio público nas mãos de empresas privadas, Como presidente, faz agora um recuo importante. Já abriu mão do investimento majoritariamente estatal na infraestmtura. Vai leiloar rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, que até pouco tempo atrás estariam no guarda-chuva do PAC. Por outro lado, aceita a austeridade fiscal. A realidade se impôs.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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