Secretário que comandaria pente-fino nos convênios do Ministério se afastou após O GLOBO mostrar seu envolvimento com servidores acusados de desvios.
Cai secretário que comandaria operação pente-fino no Trabalho. Vidigal, quando prefeito, assinou convênio com entidade investigada
Geralda Doca, Flávia Pierry e Adriana Mendes
BRASÍLIA- Antes mesmo de começar a operação pente-fino nos convênios anunciada pelo ministro Manoel Dias ( Trabalho), o coordenador do mutirão, o secretário de Políticas Públicas de Emprego, Sérgio Vidigal, caiu ontem à noite. O secretário teria pedido demissão alegando que não quer atrapalhar as investigações sobre desvios de milhões de reais de programas de treinamento no ministério. Ele havia sido colocado à frente pelo ministro Manoel Dias para fazer um pente-fino na pasta e seria responsável por designar o coordenador para analisar os convênios suspeitos de irregularidades apontados pela Operação Esopo, da Polícia Federal.
A demissão aconteceu depois da publicação, no jornal O GLOBO, da trajetória polêmica do secretário e seu envolvimento com servidores presos e afastados na Operação Esopo. Conforme revelou O GLOBO, o político tem um histórico polêmico. Vidigal é ex-prefeito de Serra (ES), município que tem um convênio de R$ 4,6 milhões com o Instituto Mundial de Desenvolvimento e da Cidadania (IMDC), entidade citada na operação como a principal beneficiária pelo desvio de dinheiro público.
O convênio foi feito na gestão de Vidigal, em 2008, e ainda está em vigência. Ele ocupava a secretaria mais importante do ministério, que cuida dos recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e responde por todos os convênios de qualificação de trabalhadores e pelos recursos do Projovem justamente onde estão as irregularidades Um dos principais assessores do secretário, Gleide Santos Costa, foi preso na semana passada, em São Paulo, na Operação Pronto Emprego. Ele é acusado de favorecer o Centro de Atendimento ao Trabalhador, entidade suspeita de desviar aproximadamente R$ 18 milhões de convênios financiados pelo ministério.
O ex-secretário é marido da deputada Sueli Vidigal (PDT-ES). Os dois são fidelíssimos ao presidente do PDT, Carlos Lupi, ex-ministro do Trabalho. Na época dos escândalos que derrubaram Lupi da pasta, o casal assumiu a linha de frente de defesa do presidente nacional do PDT. Ele ocupava o cargo pela segunda vez, foi levado por Lupi e saiu com a queda do ministro, assim que Brizola Neto assumiu o ministério.
Ontem, cinco funcionários do IMDC foram libertados. Eles estavam presos na Penitenciária Nelson Hungria, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. A informação foi confirmada pelo advogado de defesa Sérgio Leonardo, segundo o G1. O presidente do JMDC, Deivson Oliveira Vidal, segue preso.
Fonte: O Globo
Nenhum comentário:
Postar um comentário