Em Caraguatatuba (SP), presidente do PPS participou de seminário organizado pelo Sindicato dos Padeiros e afirmou que, após um período de euforia, Brasil já sofre com sintomas da crise e insatisfação generalizada
Fábio Matos
Em uma análise do panorama político brasileiro neste ano eleitoral, o presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), afirmou neste sábado (1º) que o pleito de outubro deve ser marcado por um forte viés de mudança, ao contrário do sentimento majoritário de continuidade que caracterizou a disputa de 2010. O parlamentar participou do Seminário de Planejamento e Organização do Sindicato dos Padeiros de São Paulo, em Caraguatatuba (SP), litoral norte do estado. O evento também foi organizado pela União Geral dos Trabalhadores (UGT).
“A crise ainda não está tão latente, mas já começa a dar sinais importantes. A insatisfação que vimos nas jornadas de junho começa a generalizar certo sentimento de esgotamento do atual governo”, afirmou Freire. “Esse fato será de fundamental importância no debate eleitoral. A ponto de já se dizer que o mote central na eleição será a necessidade de mudança, ao contrário do sentimento de continuidade de 2010. Isso se reflete, sem dúvida, em cima da Dilma [Rousseff].”
Em seu pronunciamento, o presidente do PPS citou o aumento dos preços, especialmente dos alimentos, como um dos efeitos mais perceptíveis do difícil momento econômico vivido pelo Brasil sob o governo Dilma. “A cada dia que se vai à feira ou ao supermercado, se sente aquilo que chamávamos de carestia. Isso é uma inflação bem maior do que o índice oficial da economia”, lembrou.
“É um governo que não cuidou do futuro, como no período de Lula, que só cuidou do presente dele próprio e de sua popularidade. Incentivou ao máximo o consumo e se despreocupou com a produção, com o investimento”, criticou o deputado. Segundo Freire, “o Brasil, que vivia em um clima de euforia e com um sentimento geral de que ia bem, hoje vai muito mal”.
A falácia do 'pleno emprego'
O presidente do PPS questionou os números celebrados pelo governo federal e que supostamente representariam uma situação de “pleno emprego” no país. “Este governo vendeu a ideia de que o país tem pleno emprego. Mas uma economia que cresce 2% ao ano não pode ter pleno emprego”, apontou.
“O próprio IBGE já tem pesquisas desmentindo as anteriores na questão do emprego. O Brasil tem uma população imensa que não tem emprego nem busca trabalho. São, em geral, os jovens do Bolsa Família, até porque a filosofia do programa é a de que quem busca trabalho e consegue emprego, perde a bolsa”, afirmou o presidente do PPS. Freire citou os dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), que indicou um percentual de desocupação de 7,4% no segundo trimestre de 2013, bem superior ao registrado pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgada pelo governo.
Na conversa com os sindicalistas, Freire também tratou de educação e lamentou o péssimo desempenho brasileiro nas avaliações internacionais. “O Brasil piorou, regrediu muito nos índices de educação quando comparado ao resto do mundo”, afirmou. O parlamentar destacou o projeto de sua autoria que garante a alfabetização até os 6 anos de idade a todos os alunos da rede pública de ensino, ao invés dos 8 anos determinados pelo governo atualmente.
O seminário
O seminário, que teve início na última sexta-feira (31) em Caraguatatuba, reúne a direção e assessores do Sindicato dos Padeiros de São Paulo para definir as metas de trabalho para 2014. Durante o evento, que se encerra no domingo (2), estão programadas palestras, reuniões de grupos de trabalho e aprovação de documentos.
As campanhas salariais de São Paulo e da região do ABC paulista e as negociações individuais com as empresas fazem parte da pauta. Entre outras propostas, são abordados o fim do fator previdenciário, a redução da carga de trabalho para 40 horas semanais, a sindicalização e o combate à informalidade.
Fonte: Portal do PPS
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