Bruno Peres - Valor Econômico
COMANDATUBA (BA) - O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato tucano à Presidência da República, disse nesta sexta-feira durante fórum com empresários em Comandatuba (BA), que não vê o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB) como um “adversário”. Aécio sugeriu que existe uma afinidade na agenda de ambos para o desenvolvimento do país.
O tucano afirmou ter “esperança enorme” de que o Brasil esteja “às vésperas de iniciar uma nova história”. “Não podemos permitir que continuem tentando dividir o Brasil entre nós e eles”, disse. “Quero viver em um país em que todos possamos ser nós”.
O senador fez críticas à situação econômica do país e falou em uma “fragilização de conquistas” obtidas nos últimos anos “a começar pela estabilidade”. Em sua avaliação, o próximo governo terá como “legado” inflação alta e baixo crescimento.
Para a campanha eleitoral, Aécio pediu um debate sobre diferentes reformas para o país e afirmou que apresentará propostas que “não são consensuais”, mas demandam debate. Em determinado momento, o senador divergiu de Campos ao propor a redução da maioridade penal “em casos extremamente graves”.
O senador foi aplaudido pelos empresários e políticos presentes ao defender o fim da reeleição, reconhecendo que o instrumento foi criado durante gestão do PSDB. Ele afirmou que vai propor, entre outros pontos, a instituição do voto distrital e o mandato de cinco anos para cargos eletivos do Executivo.
“Vivemos uma crescente carga tributária, inibidora da competitividade“, disse, afirmando ainda que o governo “se curva à necessidade” de fazer parcerias com o setor privado, em referência a um processo que teve início na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). O senador também afirmou que o país é “vítima” de “excesso de intervencionismo” e cobrou mais segurança jurídica para a retomada dos investimentos no país.
Reforma tributária e regulação
O tucano criticou o que chamou de ineficiência do setor público. “Não precisa ser ineficiente por ser público”, disse, reafirmando a meta de reduzir a quantidade de ministérios “para que a máquina possa funcionar”. Aécio Neves prometeu, caso eleito, criar uma “secretaria extraordinária” para propor ao Congresso Nacional uma reforma tributária e “metas” para o setor público.
Em seu discurso, o senador também fez menção a um “resgate” das agências reguladoras, visando beneficiar o cidadão, fazendo críticas ao aparelhamento da máquina.
Ao comparar as gestões petistas, Aécio afirmou que o aumento da produtividade da economia foi maior no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva do que na gestão atual de Dilma Rousseff. Ao defender o fortalecimento do municipalismo, o tucano criticou a “concentração absurda e perversa” de recursos “nas mãos da União”.
Ao falar da política externa do Brasil, defendeu mudanças, criticando o que chamou de “alinhamento ideológico” a que o país foi submetido nos últimos anos. “É hora de rompermos algumas amarras”, disse. “O Brasil não merece estar na lanterna do crescimento na nossa região nos últimos dez anos”.
Aécio também foi aplaudido pelos empresários ao criticar o “Estado paternalista”. “Nada mais falso. Quem melhora a vida de cada um é ele próprio, Estado tem que ser parceiro [do cidadão]”, disse. Outro momento em que foi aplaudido foi ao fazer uma “propaganda” de sua gestão como governador de Minas Gerais na área educacional.
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