• A empresários, o tucano também defendeu o fim da reeleição e justificou: 'Sou uma metamorfose ambulante', citando frase de Raul Seixas já usada por Lula
Elizabeth Lopes* e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo
COMANDATUBA (BA) - O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG), iniciou sua palestra no Fórum Empresarial de Comandatuba, nesta sexta-feira, 2, tecendo elogios ao ex-governador de Pernambuco e presidenciável do PSB nesta campanha, Eduardo Campos. Apesar de estar em campo distinto na corrida presidencial, o tucano disse: "Não consigo ver o Eduardo como adversário, somos companheiros de trincheira do mesmo sonho", arrancando aplausos da plateia. Depois de criticar a atual gestão petista, ele disse que falaria algo que iria surpreender a todos: "Não vejo como, a partir de 2015, não estarmos eu, (Eduardo) Campos e Marina (Silva) no mesmo projeto de País."
No campo da reforma política, Aécio defendeu o voto distrital e o fim da reeleição com mandato de cinco anos. O tucano lembrou que a instituição da reeleição foi feita no governo de seu correligionário, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e brincou: "Vou parodiar o presidente Lula e dizer que prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo." Em 2007, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou frase do músico Raul Seixas para justificar diferenças de posição do PT como oposição e como governo.
Economia. No discurso aos empresários, Aécio voltou a dizer que o Brasil não foi descoberto a partir de 2003, numa crítica indireta a Lula. Mas enalteceu o petista por conta dos programas de transferência de renda bem sucedidos que ele implantou em sua gestão. O tucano repetiu a frase que havia usado em outras ocasiões nesta pré-campanha: "Somos todos brasileiros, não podemos dividir o Brasil ente nós e eles".
Após o breve elogio ao petista, o presidente do PSDB criticou a mudança nos pilares macroeconômicos iniciada no segundo mandato de Lula. "Estamos voltando à agenda de dez anos atrás". E alfinetou: "Tenho divergências profundas com os que estão no poder (governo do PT)."
O senador mineiro criticou também a falta de segurança jurídica que, no seu entender, impera hoje no País. "Não se respeitam regras, somos vítimas desse intervencionismo", frisou. E disse que o próximo presidente herdará uma "herança perversa" de inflação em alta, crescimento baixo e perda crescente de credibilidade. Aécio citou ainda os "péssimos resultados" da balança comercial brasileira.
Outro alvo de crítica foi a "escorchante carga tributária". Aécio prometeu que, se for eleito, vai apresentar em seis meses uma proposta de simplificação tributária, arrancando aplausos dos empresários. "Quem melhora a vida de cada um é a própria pessoa, Estado tem de ser apenas parceiro, restabelecendo a confiança e a esperança."
Obras. No fim da palestra, Aécio disse que não é possível classificar como natural os "gastos milionários" do governo federal com as obras públicas em todo o País. Ele disse que o setor público não é inimigo do setor privado e que não é possível o País estar na lanterna do desenvolvimento da região.
Além das críticas à economia, o senador tucano falou que o País enfrenta problemas nas áreas da educação, saúde e segurança. "Temos de ter coragem de enfrentar a questão da criminalidade, sem a omissão atual do governo federal", disse.
Aécio começou sua explanação, que durou 35 minutos, brincando com o presidente do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), João Dória Júnior, dizendo que ele poderia ser o arrecadador de sua campanha, após ele ter coordenado arrecadação para o Instituto Ayrton Senna na manhã desta sexta-feira, reunindo em poucos minutos uma cifra superior a R$ 1 milhão.
* A repórter viajou a convite do Lide.
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