quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Aécio lembra convívio de décadas

• Tucano interrompe agenda: "tenho por ele admiração que não terminará com sua morte"

Chico de Gois, Cristiane Jungblut, Isabel Braga, Maria Lima e Thiago Herdy – O Globo

BRASÍLIA e SÃO PAULO - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, soube da morte de Eduardo Campos ao desembarcar em Natal (RN), na manhã de ontem, para um compromisso de campanha. Os eventos do candidato, que se estenderiam a cidades da Paraíba no fim da tarde, foram então cancelados, e, antes mesmo das confirmações oficiais, Aécio embarcou com sua equipe para São Paulo, onde acompanhou os desdobramentos da tragédia.

No início da noite, já em seu comitê eleitoral em São Paulo, o tucano fez um pronunciamento no qual elogiou o ex-governador pernambucano, qualificando-o como "valoroso, um homem público especial e um grande amigo". Para Aécio, "Eduardo era um dos maiores representantes da boa política".

Felicitação pelo dia dos pais
O tucano lembrou que, domingo, Campos lhe mandara mensagem para felicitá-lo pelo Dia dos Pais e pelo fato de Bernardo, filho mais novo de Aécio e que nasceu prematuramente, ter deixado o hospital:

- Guardarei com muito carinho a última mensagem que recebi do Eduardo, domingo agora. No Dia dos Pais, logo cedo, ele foi um dos primeiros a mandar, cumprimentando pela chegada do meu filho Bernardo em casa e desejando que ele pudesse estar com saúde e com força para continuar a sua caminhada. Eu retribuí, cumprimentando-o pelo seu aniversário. É uma perda enorme, estamos todos abalados, perde a política brasileira, mas a sua família é que precisa agora das nossas orações, da nossa força.

"Falta imensa à política"
Aécio lembrou seu convívio "por mais de 20 anos" com Eduardo Campos:

- Tenho por ele uma admiração que não terminará com sua morte trágica. Convivemos em vários momentos importantes da vida nacional. Fomos governadores de estados juntos, e o Eduardo fará uma falta imensa à política nacional. O fato de estarmos em partidos diferentes nunca nos impediu de conversar sempre sobre aquilo que interessava ao Brasil.

A agenda de Aécio está cancelada sem prazo determinado:

- É uma perda que dói fundo no coração de todos nós.

Em nota divulgada na tarde de ontem, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que a morte de Campos é uma perda para o país. Ele ressaltou que o ex-governador de Pernambuco era um líder jovem e competente.

"Diante dos fatos que arrancaram a vida de Eduardo Campos, de alguns de seus colaboradores e dos pilotos, minha primeira reação é simplesmente emocional: que tragédia. Volto-me para os familiares: não há palavras que amenizem as perdas. Ainda assim, expresso minhas condolências, meus sentimentos de tristeza e de pesar. Quanto ao Eduardo, por quem sempre manifestei respeito, a perda maior é do país. No momento em que nós precisamos de líderes jovens e competentes, perdemos um dos melhores. Sua carreira nacional apenas se iniciava. Fosse ou não eleito, seria um líder para a renovação política que tanto necessitamos. É uma perda irreparável", afirmou o ex-presidente.

Mais cedo, em entrevista ao "Jornal Hoje", da Rede Globo, FH disse que era amigo de Miguel Arraes, avô de Campos morto no mesmo dia 13 de agosto, há nove anos. O ex-presidente afirmou que tinha por Campos muito respeito e que via nele "um caminho que seria bom para o Brasil":

- Nunca trabalhei com Eduardo, ele era secretário de Finanças do Miguel Arraes. Mas tive um jantar com ele em São Paulo, quando ele me disse que seria candidato (...). Acho importante renovar a política brasileira e via nele um caminho em comum (junto com Aécio, candidato do PSDB) que seria bom para o Brasil. Eduardo foi o tempo todo um candidato que pensava mais nos problemas do Brasil do que na pequena política. É um homem que sempre respeitei.

O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), também lamentou a morte de Campos. "Uma tragédia se abateu sobre todos nós com o desaparecimento inesperado e impensado de Eduardo Campos. O acidente aéreo vitimou não apenas um personagem da política nacional, mas uma grande personalidade brasileira. O país perde um líder carismático, um guia, um homem de família", afirma a nota.

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