O risco de uma derrota no 2º turno, de 26 de outubro, reforça as ações do governo federal (cada vez mais condicionadas por pesquisas, externas e próprias e pela necessidade de atração de financiadores da campanha), para “respostas” à piora dos vários indicadores da economia consideradas capazes de produzir bons e rápidos dividendos. Propiciando uma vitória da presidente/candidata em 5 de outubro e, assim, evitando tal risco. “Respostas” que são dadas, ou tentadas, de par com uma escalada da agressividade da candidata contra os adversários, em especial o tucano Aécio Neves, nas redes sociais, nos palanques do PT e em declarações à imprensa, bem como no tom programado para os discursos dela e de Lula no amplíssimo horário “gratuito” de que disporá. Essa agressividade foi bem resumida no título de reportagem do Valor, de ontem: “Para Dilma, situação econômica do país sob FHC era mais grave do que a atual crise argentina. „PSDB quebrou o país três vezes‟, diz a presidente”.
A piora dos referidos indicadores segue dominando o noticiário político-econômico: a queda das projeções para o PIB por parte dos vários analistas e do boletim Focus, do BC (a deste reduzida anteontem para 0,81%); o baque das vendas da indústria auto-motiva, com as consequentes demissões de trabalhadores; a ampliação do déficit da balança comercial; o encolhimento das atividades do comércio, também já implicando demissões; o comprometimento ainda maior dos bancos públicos para o financiamento do setor elétrico (agudamente descapitalizado pelo represamento eleitoreiro de suas tarifas), a ser pago pelos consumidores a partir do próximo ano; os enormes prejuízos da Petrobras, outra vítima desse represamento o provável adiamento do leilão da banda larga 4-G, com o qual o governo esperava obter “recursos extraordinários”, de fato “criativos” para viabilizar o superávit fiscal de 1,9%; a paralisia dos investimentos privados em geral pela desconfiança em relação ao Palácio do Planalto e resistência ao dirigismo de
suas políticas e programas.
As “respostas” rápidas a esse quadro de indicadores tão negativos tendem porém, em face da inconsistência e da improvisação, a não gerar os efeitos buscados nas duas etapas do processo eleitoral e a agravá-lo para o enfrentamento por um novo governo. Elas estão incluindo desde a extensão do Super Simples a grande número de segmentos empresariais até mais estímulos à produção e comercialização de veículos. Passando pelo adensamento de recursos públicos para os programas assistencialista.
A Petrobras e o reajuste dos combustíveis
Os juros altos, a estagnação da economia e a queda do consumo estão contendo a pressão inflacionária no limite de tolerância do teto da meta oficial. O que abre espaço para um reajuste agora dos preços dos combustíveis (o do óleo diesel defasado em 9% e o da gasolina, em 8,9% em relação aos do mercado internacional). Num contexto de aumento constante dos prejuízos da estatal petrolífera com a manutenção do represamento desses preços – sua dívida tendo crescido de R$ 221 bilhões para R$ 241 bilhões, entre dezembro de 2013 e junho deste ano. Ao que se soma o impacto da sequência de denúncias de irregularidades que envolvem as direções e os controladores, nos governos Lula e Dilma.
Nesse cenário, o diretor financeiro da empresa, Almir Barbassa, reiterou dias atrás a cobrança de rapidez na adoção de reajuste, afirmando que, sem ele “...vai ficar complicado a Petrobras conseguir reduzir o endividamento”. Mas o Palácio do Planalto segue resistindo a isso, com a preocupação maior do efeito inflacionário que a medida possa ter antes da eleição presidencial. Motivo por quê, mais provavelmente, ela só será tomada depois do pleito, então como parte de um inevitável tarifaço para a correção de preços dos combustíveis e dos serviços de energia elétrica, neste caso para os consumidores ainda não atingidos com reajustes que estão sendo feitos em algumas regiões.
Jarbas de Holanda é jornalista
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