• Lideranças da coligação em torno do PSB avaliam que ex-ministra não vai resistir à pressão para assumir o posto de presidenciável
João Domingos e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A ex-ministra Marina Silva é considerada a sucessora natural do ex-governador Eduardo Campos para disputar a Presidência da República pelo PSB por todos os integrantes do partido e da coligação, que conta também com PPS, PHS, PRP, PPL e PSL.
Embora as principais lideranças desses partidos estejam ainda muito emocionadas com a morte de Campos, provocada pela queda do jatinho que o transportava do Rio de Janeiro para Santos, na quarta-feira pela manhã, a impressão geral é de que Marina, candidata a vice na chapa, não conseguirá resistir à pressão para que assuma o posto de presidenciável da coligação. O PSB tem prazo de dez dias para fazer a substituição.
Entre os líderes existe ainda a avaliação de que Marina vai se defrontar com uma realidade diferente da que tinha traçado para si: enquanto Eduardo Campos lutava para chegar ao segundo turno da eleição, ela estava mais interessada era na formalização de seu partido, a Rede Sustentabilidade, cujo registro foi negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em outubro do ano passado, por não ter conseguido as assinaturas necessárias para ser legalizado.
Agora, Marina terá de se preocupar mais com a campanha e menos com a Rede. Especulam-se já nomes para substituir a ex-ministra no posto de vice. Entre o PSB, a percepção é a de que será preciso ter na chapa um nome “orgânico” do partido, um “pessebista de raiz”, de um Estado grande. O deputado Júlio Delgado, presidente do PSB de Minas, nome que era ligado a Eduardo Campos, seria uma opção clássica. Questionado nesta quarta sobre o futuro do PSB, porém, Delgado foi taxativo. “Perdemos o nosso norte. Não existe conversa de partido ainda. Para o PSB, Eduardo é insubstituível”, afirmou o parlamentar.
Fala-se ainda na possibilidade de candidatura a vice da ex-corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) Eliana Calmon, cujo perfil é marcado pela luta contra a corrupção, hoje candidata a senadora pela Bahia; no deputado Romário Farias, candidato a senador pelo Rio de Janeiro; no deputado Roberto Freire (SP), presidente do PPS, e no economista Eduardo Gianetti da Fonseca.
Este último seria uma espécie de vacina contra as desconfianças do empresariado em relação a Marina, uma repetição do que ocorreu em 2010, quando seu vice foi o empresário Guilherme Leal.
Um dos principais quadros políticos da Rede Sustentabilidade, grupo político de Marina Silva dentro do PSB, o ex-deputado Walter Feldman afirma que Marina proibiu seus correligionários de falarem sobre a eleição até o enterro de Campos. “Ninguém teve ousadia de perguntar isso a ela”, diz.
Choque. Se confirmar a candidatura à Presidência no lugar de Campos, Marina tenderá a depurar mais a aliança que se formou em torno do ex-governador de Pernambuco. É provável, por exemplo, um choque ideológico com o presidente do PSB de Santa Catarina, deputado Paulo Bornhausen, agora candidato a senador.
Marina posicionou-se contrária à abertura do PSB para setores que ele considera à direita. Para o cientista político Leonardo Barreto, surgiu à frente de Marina Silva “uma janela para o improvável”.
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