- Folha de S. Paulo
A eleição de 2014 entra para a história com variados adjetivos: tensa, imprevisível, agressiva, surpreendente, polarizada. Apaixonante até os últimos minutos.
O debate invadiu a internet e transbordou para ônibus e periferias, chacoalhando a hora da sesta de pintores, pedreiros e marceneiros, esquentando os horários de dentistas e manicures, criando saias justas em prosaicas festas de família. Crianças e idosos tinham o que falar.
Todo mundo teve certezas, todo mundo teve dúvidas, todo mundo aprendeu, com igual virulência, tanto a atacar os candidatos como a condenar quem ataca os candidatos. Amigos de décadas quebraram o pau, conhecidos de dois minutos viraram amigos desde criancinha.
É a democracia em ação, com tudo o que ela promove de avanços e com tudo o que ela carrega de retrocesso. Nesse turbilhão, mais de 140 milhões de eleitores poderão votar hoje pelo continuísmo de políticas sociais que deram certo ou pela mudança da política econômica para um futuro melhor para todos.
A eleição, aliás, teve até o ineditismo de um morto-vivo na Fazenda. Mas quem apanhou foi o ex-quase-futuro ministro da oposição.
Numa montanha russa política e até emocional, Dilma foi disparada a favorita até junho de 2013, depois vieram um longo período de incertezas, a morte chocante de Eduardo Campos, o vendaval Marina, a reviravolta espetacular de Aécio e, enfim, a lógica da polarização PT-PSDB --que não vai passar tão cedo.
Dê Dilma ou dê Aécio, porém, a festa vai durar pouco. Com Dilma, o dólar vai disparar e as Bolsas vão despencar, pelo temor da estagflação. Com Aécio, MST, CUT, UNE vão acordar --e voltar a infernizar. E a investigação da Petrobras continua...
A eleição passa, mas a divisão do país, meio a meio, fica. E vá se preparando, porque 2015 será de amargar. Só não se esqueça da frase mestra dessa eleição tão fascinante:
"Não vamos desistir do Brasil!"
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