• Ministro que já atuou para a sigla em 2010 proíbe publicidade da revista a pedido da campanha de Dilma; editora Abril recorre
• A presidente e Aécio repudiaram atos de vandalismo na editora por simpatizantes da candidatura petista
- Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O ministro do Tribunal Superior Eleitoral Admar Gonzaga decidiu censurar a revista "Veja", impedindo-a de veicular publicidade em rádio, TV, outdoor e internet de sua edição desta semana, e concedeu direito de resposta ao PT contra a publicação.
O veto à publicidade foi determinado na sexta-feira (24) a pedido da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT). A concessão do direito de resposta foi decidida em sessão extraordinária na noite deste sábado (25).
A decisão é liminar e tem efeitos imediatos, mas ainda será julgada pela corte. Como a próxima sessão do TSE ocorre só após as eleições deste domingo (25), a resposta deve ser publicada "de imediato" no site da revista.
O ministro também ordena que o PT use o espaço da revista na próxima semana para esclarecimentos. A editora Abril, que publica a "Veja", recorrerá das decisões.
Para o ministro, a publicidade da revista transformou-se em "publicidade eleitoral" em favor de Aécio Neves (PSDB). Gonzaga foi advogado de Dilma durante a campanha de 2010 e nomeado por ela para o TSE em 2013.
Segundo apuração da "Veja", confirmada pela Folha, o doleiro Alberto Youssef disse à Polícia Federal e ao Ministério Público que Dilma e o ex-presidente Lula tinham conhecimento do esquema de corrução na Petrobras. Ambos negam e ameaçam ir à Justiça contra a revista.
O presidente da ABI (Associação Brasileira de Imprensa), Domingos Meirelles, chamou de "inconstitucional" a decisão do TSE de vetar a publicidade da revista.
Para ele, a intervenção, além de extemporânea, "fere a liberdade de imprensa e agride o Estado de Direito". A "Veja" não se manifestou até a conclusão desta edição.
Ataques à Abril
Na noite de sexta, um grupo de aproximadamente 200 pessoas que foi protestar contra a revista espalhou lixo na entrada da empresa e fez pichações. Entre os manifestantes, estavam integrantes da UJS (União da Juventude Socialista), entidade que apoia o PT. Três pessoas foram detidas pela polícia para averiguações e, depois, liberadas.
A presidente Dilma e o candidato do PSDB, Aécio Neves, repudiaram neste sábado os atos na sede da Abril. "Isso é barbárie, deve ser coibido", disse Dilma, em Porto Alegre.
Em São João del-Rei (MG), Aécio disse que o país assistiu "um atentado à democracia" com as depredações e tentativa de "censura". Para ele, a intolerância é "marca de nossos adversários".
Sobre o ataque à sede da Abril, a ABI disse que são "condenáveis num regime democrático". "A História tem mostrado como manifestações de intolerância política dessa natureza costumam terminar. Nosso passado recente é rico de exemplos do que sempre acontece quando a imprensa é impedida de cumprir sua missão."
A Abert (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão) e a Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas) divulgaram nota em que repudiaram os ataques.
A Folha apurou que a editora Abril imprimiu mais exemplares para repor a falta da "Veja" em algumas bancas do país. Militantes radicais teriam retirado cópias da revista de estabelecimentos e intimidado jornaleiros, o que prejudicou o fluxo normal das vendas do título
Nenhum comentário:
Postar um comentário