• Dissidentes do PMDB ainda acham possível implodir apoio à reeleição
Fernanda Krakovics – O Globo
BRASÍLIA- O vice-presidente Michel Temer acertou ontem a participação da presidente Dilma Rousseff na convenção nacional do PMDB, na próxima terça-feira, e assegurou a ela que terá mais de 70% dos votos para aprovar a reedição da aliança com o PT nas eleições deste ano.
Dissidentes peemedebistas moderados reconhecem, reservadamente, que hoje os governistas são maioria, mas contestam os números exibidos por Temer, afirmando que a votação será mais apertada. Os descontentes mais radicais, por sua vez, acreditam ainda ser possível implodir o apoio à reeleição e apostam nas traições propiciadas pela votação secreta.
Na convenção, a direção do PMDB apresentará proposta de programa de governo no qual defenderá a liberdade de imprensa, em contraposição à regulação dos meios de comunicação defendida pelo PT. Também devem constar do documento tópicos como a defesa do controle fiscal e do agronegócio.
Segundo aliados de Temer, devem votar majoritariamente contra o apoio à reeleição de Dilma os diretórios do Rio, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Acre e Piauí. Também há problemas no Mato Grosso do Sul, no Paraná e em Goiás.
O deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), da ala que apoia o pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves (MG), afirma que pelo menos 60 dos 74 votos do Rio serão contra a aliança com o PT, o que corresponde a quase 10% da convenção.
— O governo (Dilma) não tem dado conta do recado. A economia vai mal. No voto secreto, a maioria possivelmente vai deliberar pelo rompimento — disse Picciani.
Da turma dos dissidentes, o ex-vice-presidente Corporativo da Caixa Econômica Geddel Vieira Lima se reuniu ontem com Temer. Apesar de estar disposto a fazer campanha na Bahia para Aécio, ele estaria prometendo votar a favor da aliança com o PT na convenção nacional. O mesmo deve acontecer com o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), que cobra, sem sucesso, o apoio do PT à sua candidatura ao governo do estado.
Queixas crescentes
Temer tem ligado para os descontentes pedindo apoio. O deputado Danilo Forte (PMDB-CE), um dos mais estridentes, reclama do tratamento recebido do governo:
— Passamos quatro anos assim.
Por que acreditar que agora vai ser diferente? Você não vai duas vezes a um restaurante onde a comida é ruim.
Em reunião da bancada do PMDB da Câmara, os dissidentes pediram ontem que o nome de Temer seja retirado da cédula de votação, para evitar constrangimentos. A pergunta atualmente é: Você é a favor da aliança com o PT com Michel Temer na chapa de vice?
Os peemedebistas contrários à reedição da aliança também cobraram, na reunião da bancada, o direito à palavra na convenção. Dos 37 deputados presentes, pelo menos oito fizeram discurso contra a reeleição de Dilma e apenas quatro defenderam. A bancada da Câmara é um foco de insatisfação com o Palácio do Planalto.
Um dos principais motivos de insatisfação no PMDB é com a falta de apoio do PT a seus candidatos a governador.
Outro é com o tamanho da participação no governo. Na reforma ministerial feita por Dilma neste ano eles tinham a expectativa de assumir o Ministério da Integração Nacional, o que não aconteceu.
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