• Dilma cedeu ao tirar Graça da Petrobras, mas vai ceder a direção da empresa de fato?
- Folha de S. Paulo
Foi preciso A água acabar para que Dilma Rousseff decidisse mudar a direção da Petrobras. Apenas à beira do desastre terminal a presidente cedeu. Cedeu, mas não se sabe ainda quanto. O problema da Petrobras não se chama Graça Foster, mas o nacional-falimentismo ao qual o governo sujeitou a empresa.
A fim de reerguer a Petrobras, será preciso mudar de ideias, não apenas de nomes. Se por mais não fosse, bons nomes não vão colocar suas reputações e "ficha limpa" em risco sem reforma grande da empresa. Isto é, sem que ocorra pelo menos a redução drástica de programas que estão ruindo sob o próprio peso, como a reserva de mercado para fornecedores nacionais da Petrobras, para dar apenas um exemplo.
Trata-se de um programa que, além de exagerado no tamanho, foi pequeno em inteligência técnica e econômica. Isso está na cabeça de alguns "cotados" para assumir a empresa, entre outras reformas.
Lula vai sugerir de novo Henrique Meirelles. Grande administrador, muito hábil, o bastante para, logo após eleito deputado tucano, assumir e presidir por oito anos um Banco Central conservador sob a gestão petista, deixando o posto com raros desafetos tanto no governo como na oposição.
Se Dilma chamá-lo, tirando-o de alguns blocos pré-carnavalescos em que têm saído em São Paulo, causará boa impressão, embora Meirelles nada saiba de petróleo (aliás, pouco sabia de BC, quando começou). Mas Dilma não gosta de Meirelles.
Há um boato recente sobre o nome de José Carlos Grubisich, que ora dirige o negócio de celulose do pessoal da Friboi. Grubisich presidiu por dez anos a Braskem (de Odebrecht e Petrobras). Tem vasta experiência de executivo.
Há o caso de Murilo Ferreira. Contra o presidente da Vale há o fato de que ele parece muito diplomático e "próximo" de Dilma, quando o momento seria de uma "solução Joaquim Levy", como se diz "no mercado" e entre cotados para o cargo: alguém que coloque a Petrobras em outra direção.
A mudança pode levar um mês. Antes disso, Graça Foster precisa fazer o rescaldo do incêndio, fazer as contas do desfalque da empresa e apresentar um balanço. Nesse tempo, Dilma Rousseff terá de convencer um nome bom e sério a dar um mergulho no atoleiro da Petrobras, quando ouvirá coisas de que não quer saber, mudanças profundas, das quais pode levar um tempo até ser convencida. Em geral, a presidente costuma mudar de ideia apenas à beira do abismo, como no caso da ruína das contas públicas.
No caso da Petrobras, parece além do mais que governo nunca entendeu o tamanho da encrenca em que metia a empresa. A presidente parece mesmo acreditar que coisas como restrição orçamentária e descrédito financeiro são ficções mercadistas.
O que mais se pode deduzir de um plano que asfixiava a receita da empresa, aumentava a despesa de modo ineficaz, quando não perdulário ou corrupto, aumentava a dívida, investia em projetos natimortos em termos de retorno e noutros que, talvez, viessem a render num prazo incompatível com o do acúmulo e do vencimento de dívidas?
Isso daria em besteira. Deu. Nem precisava dos excessos e das revelações do Petrolão. Os problemas viriam em câmera lenta, mas o final do filme era previsível.
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