• Falta de coesão no PMDB supera média das legendas
Rodrigo Burgarelli e José Roberto de Toledo - O Estado de S. Paulo
A relação da presidente Dilma Rousseff com a Câmara dos Deputados hoje é a pior que um presidente já enfrentou desde 2003. Mas isso não acontece porque a oposição aumentou. O maior problema para Dilma é a sua própria base aliada, que abandonou definitivamente o apoio incondicional ao governo mostrado nos anos Lula e no começo da sua segunda gestão.
Hoje, a taxa de governismo geral da Câmara é de 65%, dez pontos porcentuais a menos do que no mesmo período do primeiro mandato. O índice de dispersão geral dos partidos em 2011 era de 1,3, metade do atual.
Vários partidos da base aliada racharam e há deputados governistas e oposicionistas dentro da mesma sigla. Um exemplo é o PMDB. Em março de 2011, ele votava a favor do governo em 93% das vezes e tinha índice de dispersão baixo, de 1,6. Já no mês passado, sua taxa de governismo era de 69% e a de dispersão pulou para 2,8 – acima da média geral de março, de 2,5 –, valor que só havia sido superado antes durante a crise do mensalão, em 2006.
O professor de Ciência Política da USP Bruno Speck concorda que este é um dos momentos de menor coesão partidária dos partidos governistas. “Eles apresentam altíssimas taxas de dispersão, votando ora a favor, ora contra o governo”, diz. Segundo ele, esse quadro não impede que o governo consiga aprovar medidas que considera importantes, como a do ajuste fiscal. “É possível que a presidente consiga aprovar os seus projetos com este quadro, somando os votos dispersos de grupos ou parlamentares individuais.”
Essa situação, porém, destoa do comportamento visto no Congresso em passado recente, segundo o professor. “Para voltar a articular o presidencialismo de coalizão por meio das lideranças partidárias, serão necessárias fortuna e habilidade política para aumentar a coesão dos partidos do grupo governista e diminuir seu afastamento das orientações da presidente”.
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