domingo, 24 de maio de 2015

Governo 'está pagando seus pecados', diz FHC sobre corte no Orçamento

Flávia Foreque – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O presidente Fernando Henrique Cardoso argumentou neste sábado (23) que o corte de R$ 69,9 bilhões no orçamento do Executivo é decorrente de uma má gestão do governo da presidente Dilma Rousseff. Para ele, o governo "está pagando seus pecados" ao reduzir recursos em diversas áreas da Esplanada –como Cidades, Saúde e Educação.

"O Brasil foi tão mal governado nos últimos anos que o corte é consequência disso. A situação fiscal é de tal maneira difícil e foi consequência de erros dos governos que agora esse próprio governo está pagando seus pecados", afirmou a jornalistas após participar de palestra em centro universitário de Brasília.

O tucano comparou ainda o anúncio, realizado na tarde de sexta-feira (22), a uma "operação sem anestesia" –para ele, falta explicação sobre o que acontecerá daqui pra frente.

"Quando você faz uma contenção fiscal, você tem que explicar ao país o que vem depois. Pra que você faz? Qual é a esperança, o horizonte? E só estamos vendo nuvem negra. Aí as pessoas ficam irritadas, não aceitam", afirmou. Em sua fala durante a palestra, Cardoso argumentou que houve certo exagero na concessão de crédito para estimular a economia interna, ainda na gestão do ex-presidente Lula.

"Não adianta ter só o rumo, tem que ter o rumo e dosagem. Se você aperta o acelerador quando tem que frear, arrebenta mais adiante. Fizemos isso várias vezes em nossa história e não aprendemos. Espero que agora tenhamos aprendido. Há momentos em que não dá para continuar. Freia, espera, pra retomar mais adiante", afirmou.

Falta de liderança
Na mesma palestra, o ex-presidente fez uma crítica indireta à presidente Dilma ao apontar que hoje há uma carência de liderança no país.

"Para fazer qualquer coisa, precisa de liderança. Ninguém muda nada sem liderança e o Congresso percebe isso logo, quem lidera e quem não lidera. E quando o presidente não lidera, o Congresso ocupa espaço", disse ele ao comentar que hoje o a relação entre congressistas e Executivo tem como foco obter "um pedaço do orçamento".

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