Pressionado, o presidente do PSDB, Aécio Neves, e a cúpula do partido recuaram e decidiram apoiar o governo Temer, inclusive com a ocupação de cargos.
Aécio recua, e PSDB agora pode ter cargos em governo Temer
• Partido decide dar apoio integral a gestão, caso haja impeachment
Maria Lima - O Globo
- BRASÍLIA- Após mais de uma semana de embates públicos entre algumas das principais lideranças do partido, o PSDB decidiu ontem que dará apoio integral ao governo de Michel Temer, inclusive com a participação em ministérios caso haja convite. A unidade tucana só saiu após o ex- presidente Fernando Henrique Cardoso aderir à linha que vinha sendo defendida pelos senadores José Serra ( SP) e Aloysio Nunes Ferreira ( SP) e defender publicamente o apoio integral da legenda ao governo peemedebista. Assim, acabou sendo derrotada a posição de apoio apenas parlamentar, que vinha sendo propagada pelos dois principais pré- candidatos da legenda à presidência: o senador Aécio Neves ( MG) e o governador Geraldo Alckmin ( SP).
Presidente nacional do partido, Aécio passou o dia em reuniões com deputados e senadores tucanos. Além da posição de FH, influenciaram no recuo a avaliação de que a preocupação com as eleições de 2018 e a crescente evidência do racha partidário haviam repercutido negativamente na sociedade. Pelo acordo costurado ontem em Brasília, os tucanos apresentarão na próxima semana uma agenda emergencial de medidas com as quais Temer deverá se comprometer a adotar e os eventuais convites para ministérios precisarão se dar de “forma institucional”. Eles ocorreram logo após o anúncio do acordo. À noite, Temer chamou para a primeira reunião os líderes tucanos no Senado e na Câmara, Cássio Cunha Lima ( PB) e Antônio Imbassahy ( BA).
— De ontem para hoje a ficha caiu. As discussões do fim de semana não foram felizes. Discutir 2018 no momento em que o país sangra apequena a participação do PSDB no momento de enfrentar a crise. A fala do Fernando Henrique ( em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”) reflete a evolução desse raciocínio de que o PSDB deve participar de corpo inteiro, de forma institucional. Discutir 2018 agora é covardia — explicou o senador Ricardo Ferraço ( PSDB- ES).
A ideia da cúpula tucana é não tomar iniciativa de sugerir nomes, e jogar para Temer a decisão de chamar o PSDB para discutir eventuais convites, como o que provavelmente será feito ao senador José Serra ( SP), com quem o vice já conversou. Só que Temer não deve convidá- lo para ocupar a pasta que o senador deseja, a Fazenda. Ao GLOBO, Temer sinalizou que já está fechado com o ex- presidente do Banco Central Henrique Meirelles.
— Houve uma evolução com a costura desse acordo. No partido ficou pacificado que, se Temer quiser convidar alguém, deverá discutir isso institucionalmente, sem veto. Mas eu ainda não decidi se vou para o governo — disse Serra.
Outra decisão dos tucanos é de fazer ampla divulgação, inclusive no programa de TV do partido que irá ao ar dia 17, do documento com agenda de reformas que o PSDB entregará a Temer. Para se blindar de um eventual fracasso do futuro governo, o PSDB quer condicionar o apoio ao compromisso de Temer de apoiar essa agenda que inclui apoio integral a Operação Lava- jato, redução do tamanho do estado e reformas política e da Previdência.
— Caberá ao Michel ( Temer), se assumir, procurar a direção do partido para discutir isso. Se ele colocar esse assunto, vamos debater, não depende de nós. O que vamos fazer é lhe entregar um conjunto de propostas emergenciais e vamos cobrar um compromisso com o país — afirmou Aécio.
Aécio ligou para os governadores, entre eles Geraldo Alckmin, de São Paulo, contrário à participação do governo com cargos para discutir a saída negociada. Semana que vem a Executiva Nacional do partido irá bater o martelo, fechar uma agenda emergencial de medidas com as quais Temer deverá se comprometer a adotar.
Outra decisão nas reuniões é que, mesmo que Temer nomeie alguém do partido, o PSDB ficará à vontade para não assinar embaixo de todas as medidas do eventual governo Temer.
TSE julga contas de 2010
O Tribunal Superior Eleitoral aprovou ontem com ressalvas as contas do PSDB de 2010 e condenou o partido a devolver R$ 1,1 milhão aos cofres públicos. A punição foi determinada porque houve irregularidade na aplicação dos recursos. O PMDB também teve as contas aprovadas com ressalvas, mas não foi punido, porque as irregularidades foram apuradas em percentual inferior a 7% dos recursos totais.
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