• Tucanos querem compromisso de que PMDB não disputará eleições deste ano em cidades que partido considera prioritárias; negociações de ministérios têm de passar pela direção do PSDB
Alberto Bombig, Pedro Venceslau, Igor Gadelha, Ricardo Brito e Leonêncio Nossa - O Estado de S. Paulo
A direção nacional do PSDB impôs condições ao vice-presidente Michel Temer para aderir em sua totalidade a um eventual governo dele. A primeira delas é que qualquer conversa com o partido deve ocorrer em “caráter institucional”, o que significa dizer que o senador José Serra (SP) não é o único nome entre os tucanos a ser procurado pelo vice. A segunda e mais complexa é que Temer e o PMDB devem se manter distantes das eleições municipais deste ano em cidades que o PSDB considera prioridades eleitorais do partido.
Temer está disposto a conversar sobre esses pontos e, nesta terça-feira, 26, o senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, mudou seu discurso e disse que o partido não deverá se opor a eventuais participações de membros em um futuro governo Temer. “Se amanhã o presidente Michel optar, considerar o nome de membros do PSDB, obviamente deverá fazer isso conversando com a direção do partido, que não deverá se opor”, afirmou Aécio, após reunião de quase três horas com a bancada do partido na Câmara.
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), deu declaração na mesma linha, após se reunir com Temer. “O desejo do partido é de ter uma relação institucional com o novo governo. O PSDB não quer que o PMDB faça conosco o que o PT fez com o PMDB.”
Aécio também rechaçou a proposta de que tucanos que assumirem cargos em um futuro governo Temer devem se licenciar do partido, conforme revelou o Estado. A ideia foi defendida por membros do legenda, como o secretário-geral da sigla, deputado Silvio Torres (SP).
Eleições. Os tucanos querem o peso político de um eventual governo Temer e do PMDB fora das eleições em cidades onde os tucanos possuem boas chances neste ano, como Manaus, Fortaleza e São Paulo.
Eles também buscam um compromisso em relação a 2018: Temer não disputar a reeleição e não interferir nas eleições estaduais.
Essas propostas já haviam sido apontadas por Serra em entrevista ao Estado em março, mas agora foram encampadas pela direção nacional do PSDB. Esse é o maior entrave para o acordo. O PMDB é um partido com forte tradição municipal e estadual, com a qual impulsionou na última década a ampliação das bancadas no Congresso.
Divisão. As declarações de Aécio foram dadas após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defender a participação do PSDB em ministérios de um futuro governo Temer, a exemplo do que ocorreu quando Itamar Franco assumiu a Presidência após o impeachment de Fernando Collor, em 1992.
A posição de FHC reforçou tese de embarque total dos tucanos e pesou na resolução da bancada divulgada nesta terça-feira. Aécio e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, pré-candidatos ao Planalto em 2018, se diziam contra o PSDB ocupar cargos num eventual governo Temer.
Embora tenha dito que a direção do partido não vai se opor, o presidente do PSDB sinalizou que pessoalmente continua contra o partido assumir ministérios e outros cargos na gestão do peemedebista. “Para mim, cargos são secundários”, disse, ao ser questionado se sua fala significava uma mudança de opinião pessoal. Ainda assim, a deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP) se reuniu a sós com Temer. Ela é cotada para Secretaria Nacional de Direitos Humanos.
A bancada do PSDB do Senado também se reuniu nesta terça-feira para discutir o assunto. Após a reunião, os líderes do partido no Congresso, senador Cássio Cunha Lima (PB) e deputado Antônio Imbassahy (BA) foram juntos à residência de Temer para defender que o partido dê apoio “institucional” a eventual governo do peemedebista.
Na linha do que Aécio defendeu, Cássio e Imbassahy disseram a Temer que caberá a ele, caso assuma a Presidência fazer eventuais convites para filiados ao partido.
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