• Primeiro debate do 2º turno teve clima ameno e predomínio de propostas
- O Globo
Depois de um clima ameno nos debates do primeiro turno, os candidatos Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL) tiveram o primeiro embate mais direto logo no início do debate da TV Band, realizado ontem. Na maior parte do tempo, o clima se manteve morno, quase amigável, com os adversários concentrados em propostas e trocando elogios. As diferenças de ponto de vista, no entanto, ficaram evidentes.
Num dos poucos confrontos, Freixo acusou aliados de Crivella de disseminarem boatos sobre ele na internet. O candidato do PRB respondeu afirmando que o adversário tem ao seu lado partidos envolvidos no “petrolão”, em referência ao escândalo de corrupção na Petrobras.
Na primeira oportunidade que teve de perguntar, Freixo afirmou que o segundo turno começou com uma “chuva de mentiras e calúnias” direcionadas a ele. O candidato do PSOL classificou a conduta de “crime”. Durante a semana, ele havia responsabilizado o pastor Silas Malafaia e a família Bolsonaro pela divulgação. Crivella rebateu:
— Você (Freixo) chama de aliados, mas tem ao seu lado partidos que protagonizaram grandes escândalos na política. O escândalo do petrolão é o maior da história. Você tem responsabilidade nisso? Obviamente que não. Você não pode colocar nas minhas costas tudo que ocorre na internet. A política é um dilúvio de ódios e paixões — afirmou Crivella, que buscou se diferenciar do adversário. — Tenho opiniões divergentes do Freixo, um Himalaia de divergências, mas preciso manter o respeito.
O candidato do PSOL, que recebeu o apoio do PT no segundo turno, retrucou afirmando que nunca fez parte dos governos Lula e de Dilma Rousseff. Crivella foi ministro da Pesca entre 2012 e 2014.
— Eu não fiz parte do governo que você chama de petrolão. Você foi ministro, eu não fui. Eu estou falando de crime, de calúnia, inventar coisas graves. A campanha durante essa semana foi desrespeitosa com eleitor. Eu vou manter o respeito e fazer uma campanha de debate programático, com saúde e educação — disse Freixo, que se referiu a Crivella quase sempre como “senhor”.
Os candidatos também divergiram sobre o volume de gastos públicos do município. Crivella defendeu a redução das secretarias pela metade e afirmou que o adversário pretende criar mais pastas e uma empresa pública na área de transportes. Em um momento, o candidato do PRB disse que a iniciativa privada deve “rasgar os horizontes da esperança”.
— Não vamos aumentar o gasto público. A falta de recursos nas famílias acontece quando gastos públicos crescem. Vou reduzir secretarias pela metade e cortar cargos em comissão. Há divergências. Não vamos discutir Lava-Jato, mensalão e petrolão, isso ficou para trás. Defendo um Estado menor, mais enxuto, sem aparelhamento. Isso (estado inchado) aumenta gastos, que poderiam ser revertidos para você e seus filhos. Eu vou reduzir a máquina — disse Crivella.
Freixo rebateu e disse que vai economizar cortando cargos comissionados. O candidato do PSOL minimizou a redução de secretarias como um fator efetivo para o corte de recursos. Segundo ele, a medida proposta por Crivella é semelhante ao modelo que Michel Temer propôs quando assumiu a Presidência. Freixo também criticou o programa de governo do adversário, que afirmou tocar em “pouquíssimos pontos”.
— Nosso programa é bastante completo. O seu é curto, muito enxuto e não dá nem para discutir. Na crise, não dá para criar, agora, empresa pública, mas é importante para regular transporte, para que traga economia. Estamos enxugando a máquina sim. Tem uma nova política nascendo. Não escondemos nenhum aliado. A gente vai poder levar para as secretarias os melhores e acabar com os cargos comissionados. Acho que não é terminando com secretaria. Melhor maneira de reduzir gasto é com transparência — afirmou Freixo, acrescentando que vai “valorizar” o servidor público.
Crivella e Freixo mostraram diferenças também ao responder o que fariam assim que assumissem o governo. O candidato do PRB tratou como prioridade acabar com as filas para cirurgia nos hospitais públicos, enquanto o candidato do PSOL disse que, no dia seguinte à eleição, chamaria os educadores para discutir a educação no município.
Ao ser perguntado sobre transporte público, Crivella destacou seu vice, o engenheiro Fernando Mac Dowell, afirmando que é um engenheiro especialista no setor. Freixo disse que por análise do Tribunal de Contas do Município a tarifa atual deveria ser de R$ 3,30, não os atuais R$ 3,80. Ele acrescentou que pretende fazer a integração entre todos os modais com um cartão único. (Gustavo Schmitt, Miguel Caballero, Marco Grillo e Ruben Berta)
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