- O Globo
Como bem disse “The Economist”, entramos na era da pósverdade. Com a enxurrada de mentiras que acusadores e acusados espalharam nos últimos tempos, o Brasil vive um tempo em que a verdade se torna relativa e volátil na boca de adversários políticos, como se algumas mentiras fossem aceitáveis e outras não.
Pelo perfil dos candidatos, espera-se que a campanha não seja pré nem pós verdade, mas simplesmente sem mentiras. Não fica bem para um homem de princípios religiosos como Crivella, nem para um arauto da política limpa e transparente como Freixo.
Quem dá mais medo? Crivella aparelhando a prefeitura com quadros da Universal e dando cargos importantes para Garotinho, ou Freixo sem experiência administrativa pegando a prefeitura endividada e levando a cidade à falência como o probo e bem intencionado socialista Saturnino Braga?
Nada disso vai acontecer. Os dois podem ser o que for para os adversários, mas não são burros. Para Crivella, seria fatal misturar política e religião, sua chance é mostrar competência administrativa e colaboradores insuspeitos. Para Freixo, propor uma administração de esquerda, quando ela foi devastada nas eleições, não parece muito oportuno. Mas o Rio sempre foi de esquerda, elegeu Brizola, Lula e Dilma. Como dialogar com um governo chamando-o de golpista e ilegítimo? Rosinha rompeu com Lula, e o estado ficou sem verbas federais.
Em 2008, fiz campanha para Fernando Gabeira, até pedi votos na televisão. Heroica e milagrosamente, ele foi ao segundo turno e, certo da vitória, fui viajar com minhas filhas. Não votamos no segundo turno, e Eduardo Paes ganhou por 50 mil votos.
Hoje penso que foi melhor assim. Gabeira era um político de ideias, me representava fielmente, mas não o imagino com o apoio político e os quadros administrativos que fizeram tantas inegáveis grandes melhorias na cidade.
Aprender com os erros demonstra humildade e inteligência, tanto para eleitores como para candidatos. O medo vai goleando a esperança por 7 x 1. O relógio marca!
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