Fransciny Alves – O Tempo (MG)
O prefeito Marcio Lacerda (PSB) irá anunciar nesta segunda-feira (10) o apoio ao candidato João Leite (PSDB), que disputa o segundo turno com o empresário Alexandre Kalil (PHS) pelo comando da capital mineira. A decisão é fruto de acordos costurados ao longo da última semana. Além do próprio João Leite, Lacerda teve encontros com o ex-governador Alberto Pinto Coelho (PP), que coordena a campanha do tucano, e com membros das executivas nacional e estadual do PSB, além de vereadores do partido dele.
Fontes que acompanharam as negociações revelaram que um dos motivos para o prefeito aceitar fechar o acordo com João Leite foi um pedido direto do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que teria cobrado retribuição dos socialistas ao apoio que o PSDB tem dado ao PSB em cidades onde haverá segundo turno. Um dos exemplos é Recife, onde Geraldo Júlio (PSB) tenta a reeleição com o apoio do tucanato.
Além disso, a aliança é considerada por membros das duas legendas como um caminho “natural”, já que PSDB e PSB compartilham semelhanças ideológicas. Apesar disso, no meio tucano a preocupação persiste, principalmente diante da derrota de Délio Malheiros (PSD), apoiado por Marcio Lacerda no primeiro turno – o vice-prefeito terminou a disputa em quinto lugar, com 64.606 votos (5,45% do total). Délio, segundo as fontes, também irá confirmar apoio a João Leite.
No PSDB, o discurso tem sido o de que “todas as alianças são importantes” e que, nessa reta final da campanha, “cada voto conta”. O apoio de Lacerda e Délio, avaliam os tucanos, reforça a estratégia do grupo de se contrapor à linha de campanha de Alexandre Kalil, que aposta no slogan “chega de políticos”. A ideia é investir no discurso de que João Leite tem alianças fortes com várias legendas e que, por isso, criará, se eleito, uma base forte na Câmara Municipal. “Queremos mostrar que o João tem capacidade de agregar e que não tem postura hostil. Não é xingando os políticos e os vereadores, como o concorrente faz, que o prefeito consegue aprovar projetos na Câmara. É preciso ter uma base forte e um grupo político unido. É preciso, além disso, ter humildade. Essa história de dizer que não quer apoio é arrogância”, argumenta uma fonte.
Outra preocupação na costura da aliança entre PSB e PSDB é evitar situações como as que ocorreram na semana passada, quando o PMDB e o PDT racharam internamente após o anúncio de apoio a João Leite vindos do deputado federal Rodrigo Pacheco (PMDB) e do deputado estadual Sargento Rodrigues (PDT), respectivamente. Os dois disputaram o primeiro turno e, após a derrota, decidiram se aliar ao tucano. Como não houve consenso, tanto no PMDB quanto no PDT alguns membros acabaram anunciando apoio a Kalil. A estratégia, agora, é blindar o PSB de possíveis “dissidências” para que o apoio a João Leite não fique fragilizado.
Já Alexandre Kalil continua sua estratégia de repelir apoios de políticos tradicionais. Nesse domingo (9), ele postou em suas redes sociais uma foto ao lado do procurador geral da República, Rodrigo Janot, que comanda os processos contra políticos investigados na operação Lava Jato.
A foto estava sobreposta à imagem de João Leite recebendo o apoio de políticos do PMDB e com a legenda “Perguntei ao Janot se poderia usar. A resposta: ‘Te conheço, Kalil. Use à vontade’”.
Sobre o apoio do prefeito ao adversário, Kalil ironizou: “O Marcio Lacerda saiu do primeiro turno com 4% dos votos. Se oferecesse apoio a mim eu recusaria. Não quero cacique do meu lado, menos ainda um minicacique”.
Kalil também destacou que João Leite terá que explicar ao eleitor como criticou a prefeitura no primeiro turno e agora fará a aliança com Lacerda: “Eles vão ter que sentar e combinar como explicar para o povo que tudo aquilo que ele (João Leite) falou mal da prefeitura foi mentirinha. O problema deles é explicar que ficaram oito anos na prefeitura, viraram oposição há dois meses e já voltaram a ser amigos”, alfinetou. (Com Bernardo Miranda)
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