Petista afirma que não existem provas e que há manipulação de depoimentos
Flávio Freire | O Globo
-SÃO PAULO- Alvo de uma série de acusações reforçadas em delações premiadas de executivos da Odebrecht na última semana, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu ontem ponto a ponto cada uma das suspeitas sobre ele. Em nota publicada em uma rede social, o líder petista, sem dar nomes, disse que estão tentando reescrever sua biografia, que não há provas contra ele e que os depoimentos estão sendo manipulados.
"Delações não são provas, mas informações prestadas por réus confessos que apenas podem dar origem a uma investigação. A legislação brasileira proíbe expressamente condenações baseadas somente em delações, negociadas em troca da obtenção de benefícios penais por réus confessos", diz Lula.
Em seguida, o ex-presidente trata das acusações de que seria Ex-presidente nega que tivesse conta de R$ 40 milhões a seu dispor o dono do sítio de Atibaia e também das doações que teriam sido feitas pela Odebrecht para a compra de um terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula. Em seu depoimento, o ex-dirigente da empresa Alexandrino Alencar relatou que a reforma do sítio foi pedida pela ex-primeiradama Marisa Letícia. E que a obra foi tocada com material comprado em dinheiro vivo e notas fiscais frias. Emilio Odebrecht, patriarca do grupo, disse em depoimento que avisou Lula sobre as obras no imóvel.
"É estranho nesse contexto que Emílio Odebrecht diga que na véspera do fim do mandato tenha ‘avisado’ Lula da obra. E é inadmissível que o silêncio de Lula, diante do suposto aviso seja interpretado como evidência. O sítio não é do ex-presidente, não há nenhum ato dele em relação ao sítio, nem vantagem indevida, patrimônio oculto ou contrapartida".
Lula também garante não ter recebido terreno da Odebrecht para a construção do novo instituto. “O Instituto recebeu doações de dezenas de empresas e indivíduos diferentes. Todas registradas. As doações da Odebrecht não representam nem 15% do valor total arrecadado pelo Instituto antes do início de uma perseguição judicial”.
Em seu depoimento, Marcelo Odebrecht informou aos procuradores que tinha uma conta corrente com saldo de R$ 40 milhões para uso de Lula quando ele deixasse a Presidência da República.
"Esta é a mais absurda de todas as ilações no depoimento de Marcelo Odebrecht. Ele disse que Lula teria uma ‘conta corrente’ na empresa. Ora diz que essa conta seria de R$ 35 milhões, ora seria de R$ 40 milhões, mas ressalva que jamais conversou com Lula sobre essa conta. Narra uma confusa movimentação de saída e entrada de recursos, citando a compra de um terreno (depois devolvido), uma doação ao Instituto Lula e supostas entregas em dinheiro vivo a Branislav Kontic, totalizando R$ 13 milhões. Diz ainda que parte da reserva continuou na tal conta".
Lula ainda reforça que todos os sigilos dele e de sua família bancários, fiscal, telefônico foram quebrados. “O Ministério Público sabe a origem de todos os recursos recebidos por Lula, o destino de cada centavo ganho pelo ex-presidente com palestras e que Lula vive em um apartamento em São Bernardo do Campo desde a década de 1990. Onde estão os R$ 40 milhões?”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário