Criminalista não quer que a Polícia Federal inclua no interrogatório do presidente perguntas sobre o áudio de Joesley Batista, delator da JBS, porque laudo pericial ainda não foi entregue ao STF
Fausto Macedo | O Estado de S. Paulo
O criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira, defensor de Michel Temer, vai insistir junto ao ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, para que não autorize a Polícia Federal a incluir no interrogatório do presidente perguntas relacionadas ao áudio do empresário Joesley Batista, da JBS.
Na noite de 7 de março, o empresário gravou conversa com Temer no Palácio do Jaburu. Nela, Joesley admite ao presidente uma sucessão de práticas criminosas, como o pagamento de mensalinho ao procurador da República Ângelo Goulart e mesada milionária a Eduardo Cunha, em troca do silêncio do ex-presidente da Câmara, preso na Lava Jato desde outubro de 2016.
Nesta terça-feira, 30, o ministro Edson Fachin manteve Temer em um inquérito junto com o deputado Rocha Loures (PMDB/PR). A decisão frustrou o presidente, que pretendia ficar ‘isolado’ na investigação.
Loures, ex-assessor de Temer, aparece em imagens da Polícia Federal correndo por uma rua dos Jardins, em São Paulo, carregando a mala com 10 mil notas de R$ 50, supostamente propina da JBS.
Mariz disse ao Estado que não vai recorrer dessa decisão de Fachin, embora considere que isso permitiria esticar o prazo apertado de dez dias que a PF tem para concluir o inquérito.
Esse prazo é o da lei para os casos com investigado preso.
No inquérito em que são atribuídos a Temer crimes de corrupção passiva, obstrução da investigação e organização criminosa foi presa uma irmão de Lúcio Funaro, operador de Eduardo Cunha.
“Aí não teria problemas de prazo”, disse Mariz.
ESTADÃO: Como o sr. recebeu a decisão do ministro Fachin de manter o presidente no mesmo inquérito do deputado da mala dos R$ 500 mil?
ANTÔNIO CLAUDIO MARIZ DE OLIVEIRA: Eu pedi a desconexão do Aécio e do deputado porque entendo que não há nenhuma ligação entre os fatos atribuídos ao presidente e aquele atribuído ao senador e ao Rodrigo (Rocha Loures). O ministro Fachin nos deu razão no que diz respeito ao Aécio. Sobre o Rodrigo ele (ministro) determinou que permanecesse ao lado do presidente no mesmo inquérito. Vou examinar essa questão para concluir se peticionaremos ou não pela reconsideração.