Jader e Renan miram pasta que voltaria a cuidar dos Portos
Junia Gama, Fernanda Krakovics | O Globo
-BRASÍLIA- Em busca de segurar sua base no Congresso, o governo estuda recriar o Ministério dos Portos e deixá-lo sob os cuidados dos senadores aliados Jader Barbalho (PMDB-PA) e Renan Calheiros (PMDB-AL), que ontem foi mantido na liderança do partido após amenizar suas críticas.
Um indicado de ambos os senadores comanda, hoje, a Secretaria Nacional de Portos, subordinada ao Ministério dos Transportes. É o ex-senador Luiz Otávio Campos, nomeado em abril para o cargo e que foi alvo da operação Lava-Jato em fevereiro nas apurações sobre desvios nas obras de Belo Monte.
O ministro dos Transportes, Maurício Quintella, é um adversário político de Renan em Alagoas e pode disputar com ele a vaga para o Senado em 2018. Além de agradar a Jader, a criação do Ministério dos Portos seria um gesto em direção a Renan, que teria mais ingerência sobre a área para fazer política em seu estado.
NOVO TOM
Após a reunião da bancada, Renan negou, em entrevista, que tenha defendido, anteriormente, a renúncia de Temer:
— Nunca pedi renúncia porque renúncia é manifestação de vontade pessoal, um gesto unilateral. Eu disse que o presidente tinha sim que participar da construção para a solução da crise. É diferente de pedir renúncia.
O líder do PMDB também disse que suas críticas têm o intuito de “aprimorar” o governo:
— Eu fiz críticas à condução econômica e disse que aprofundar a recessão neste momento grave da crise é errado. Fiz críticas à nomeação do ministro da Justiça e o tempo demonstrou que eu estava certo. O presidente o substituiu. Fiz críticas ao exagero da reforma da Previdência e o presidente tirou a proposta inicial e fez outra.
A reunião do PMDB durou quase quatro horas. Renan teve antes uma conversa com o líder do governo, Romero Jucá. Ele baixou o tom e fez acenos.
A estratégia de Temer de nomear um indicado de Renan para os Portos pode esbarrar em resistências dos deputados do PMDB. A bancada da Câmara defende que os peemedebistas de Minas Gerais sejam os próximos na fila por um ministério. Agora a reivindicação é pelo Ministério da Cultura, vago desde que Roberto Freire (PPS) deixou a pasta, após a delação da JBS.
Há a avaliação no Planalto de que escalar um deputado do PMDB no Ministério da Cultura pode ser um tiro no pé, já que o setor cultural é crítico a Temer e pode reagir contra uma indicação meramente política.
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